Rotas de Peter Frankopan para conhecer melhor o Oriente
Das Rotas do Mundo Antigo às Novas Rotas da Seda, Peter Frankopan diz às crianças que a História nos ensina que as pessoas são capazes de “planear um futuro pacífico”.
O historiador e autor de As Rotas da Seda, Peter Frankopan, conta-nos como foi importante na sua vida a existência de um mapa-mundo na parede do seu quarto de criança. “Costumava olhar para ele quando acordava e antes de adormecer, admirando a dimensão dos continentes e dos oceanos, olhando para a localização das cadeias montanhosas, dos desertos e dos rios e tentando memorizar os nomes de todos os países e respectivas capitais.”
Antes ainda de confidenciar estes pensamentos da infância, mostra-nos um mapa a que chamou “O Mundo Actual” e faz-nos reflectir: “Este é um mapa do mundo no início do século XXI. Não nos diz muito sobre o que as pessoas pensam umas das outras ou sobre o que se está a passar no mundo, mas, ainda assim, pode aprender-se muito a estudá-lo e a pensar porque sabemos tão mais coisas sobre algumas partes do mundo do que sobre outras.”
É assim que convida e motiva os mais novos para uma viagem até ao Oriente, levando-os desde as Rotas do Mundo Antigo até às Novas Rotas da Seda, passando por muitas outras, que designa como a da Fé, do Caos, do Islão, dos Escravos, do Céu, dos Novos Mundos, do Confronto, do Sofrimento ou a do Desencanto, para só citar algumas.
O agora professor e director do Centro para os Estudos Bizantinos da Universidade de Oxford ironiza com o facto de na escola nada ter aprendido sobre a Rússia, o Médio Oriente, a China, o Irão, a Índia, o Paquistão e o Extremo Oriente, “ao invés, ensinaram-me muitas coisas sobre Henrique XVIII e as suas seis mulheres (divorciada, decapitada, morta, divorciada, decapitada, sobrevivente — por esta ordem)”.
Então, decidiu passar a sua vida a ler e a escrever sobre História, procurando ligações que o pudessem ajudar, e aos outros, a explicar o passado melhor do que a forma como lhe tinha sido ensinado na infância.
Neste livro, que tem uma versão para adultos, conta que a expressão “Rotas da Seda” foi criada por Ferdinand von Richtofen e afirma que estas “não têm um ponto de partida nem de chegada, não são estradas”.
Descrevendo em seguida: “São uma rede de ligações que permitiram que produtos, pessoas e ideias, mas também doenças e violência, viajassem do Oriente para o Ocidente e do Ocidente para o Oriente — da costa chinesa do Pacífico e da Rússia para as costas atlânticas da Europa e de África, e também da Escandinávia, no Norte, para o Índico, no Sul.”
Fala ainda das Rotas da Seda como “o sistema nervoso central do mundo”. Ao compará-lo com o corpo humano, adverte: “Para se compreender o corpo, é preciso ver o que está por baixo da pele, e também é preciso ver como funciona como um todo, e não analisar apenas uma parte.”
Recriar graficamente estilos artísticos de outrora
Neil Packer, que ilustrou o livro, optou por desenhar segundo os estilos artísticos de cada época descrita. Por isso, pode parecer, em dados momentos, que não se trata do mesmo artista a desenhar. Como diz o seu agente, Alison Eldred, “um feito que a maioria dos artistas acharia assustador”.
Nasceu em 1961, passou a primeira infância e a vida escolar em Trindade, Líbia, Escócia, País de Gales e Inglaterra. Frequentou a Colchester School of Art no final dos anos 1970 e início dos anos 1980, estudando ilustração e gravura. Trabalhou como designer gráfico em Londres, com colaborações em publicidade para clientes na Europa, América e Ásia.
Quando fala de si próprio e do seu trabalho, recorda a ida aos quatro anos para a Líbia, onde não tinha televisão e onde se apaixonou pelos livros infantis ilustrados: “Só recentemente me ocorreu que o que faço agora provavelmente nada mais é do que uma tentativa vã de voltar àquelas horas felizes passadas no chão durante uma tempestade de areia com os meus livros ilustrados favoritos. Muitos dos quais ainda tenho e frequentemente ficam abertos na minha mesa enquanto trabalho, como fonte de inspiração.”
As Rotas da Seda foi nomeado o Livro de História do Ano de 2015 do The Daily Telegraph. Esteve em primeiro lugar no top de não-ficção do Sunday Times, permanecendo aí no top 10 por nove meses consecutivos. Foi igualmente muito bem acolhido na China, Índia e vários outros países do mundo, vendendo mais de 1,5 milhões de cópias. Para The Times, é um dos “dez livros que mudam a forma como se vê o mundo” e um dos “livros da década 2010-20”, para o Sunday Times.