Advogado de Marilyn Manson admite chegar a acordo com mulheres que o acusam de violência sexual
Músico nega as acusações de que é alvo mas a sua defesa admite entrar em processo de mediação conjunto com as quatro queixosas nos tribunais, rumo a um acordo.
O advogado do músico Brian Warner, conhecido como Marilyn Manson, admitiu sexta-feira em tribunal que poderá ser possível chegar a acordo com as várias mulheres que o acusam de agressão sexual em diferentes processos legais. O músico é alvo das acusações de pelo menos quatro mulheres em processos cíveis. Mais de uma dezena de queixosas vieram a público nos últimos meses dizer que o músico as violou e torturou. Esta semana, essas acusações foram detalhadas numa investigação da revista Rolling Stone.
“Há outros casos que estão de alguma forma relacionados [com este, uma acusação de uma artista que diz que Warner a violou violentamente em 2011] e à medida que as coisas avancem podemos decidir que é melhor ter mediação global. Não penso que isso vá acontecer em breve, mas é provável que aconteça”, disse Stephen D. Rothschild numa audiência em Los Angeles relacionada com o caso movido por uma ex-namorada, música, e que escolheu ser identificada apenas como “Jane Doe” no processo. O advogado abre assim a porta a uma chegada a acordo com as várias acusadoras do músico, que tem negado sempre quaisquer actos sexuais sem o consentimento das suas parceiras.
O caso de “Jane Doe” já tem julgamento marcado, para 3 de Outubro de 2023, depois de inicialmente nem ter sido aceite pelo juiz devido à prescrição dos alegados crimes.
A actriz Evan Rachel Wood, que começou a namorar com Brian Warner aos 18 anos, revelou em Fevereiro num post nas redes sociais que viveu uma relação abusiva com o músico. No mesmo dia, outras mulheres denunciaram comportamentos semelhantes do vocalista, ocorridas no âmbito de relações amorosas e sem o consentimento das mulheres. Os casos remontam há mais de uma década. As alegadas vítimas não se conheciam e só recentemente ficaram cientes das histórias umas das outras, bem como dos padrões de manipulação psicológica, isolamento e violência sexual a que o músico alegadamente sujeitou várias mulheres.
Brian Warner e os seus representantes legais negam “veementemente” as acusações e mais recentemente lamentaram que as acusadoras associassem e tentassem alegadamente confundir a imagem artística do músico, na persona Marilyn Manson — homónima da sua banda, que já actuou várias vezes em Portugal e que se lançou nos anos 1990 para deixar uma forte marca de “shock rock” na cultura popular — à sua conduta pessoal.
Uma investigação da Rolling Stone, publicada na madrugada de segunda-feira, e uma outra reportagem anterior do Los Angeles Times não só detalham as acusações das mulheres como defendem que a imagem transgressora do músico permitiu em parte ofuscar, mesmo quando este produzia declarações públicas sobre como queria “esmagar o crânio” de Evan Rachel Wood ou quando usava mulheres maltratadas como adereço em palco, anos de comportamentos alegadamente violentos na sua vida privada.