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Timor-Leste pelos fotógrafos do PÚBLICO
O massacre de Santa Cruz foi há 30 anos: a 12 de Novembro de 1991, os militares indonésios mataram 271 timorenses num cemitério de Díli, a capital. Os timorenses teriam de esperar ainda mais oito anos até ao referendo que ditaria a independência. Nos anos seguintes, foram vários os fotógrafos do PÚBLICO que documentaram a destruição e reconstrução do país.
A primeira vez que Adriano Miranda pisou Timor-Leste foi para acompanhar a visita do Presidente Jorge Sampaio, em 2000, poucos meses depois do referendo da independência. "Disse logo que sim, era um sonho meu antigo", conta o fotógrafo. É que aquela era uma viagem pela história de um país em construção e pela história da sua família: Timor era a terra para onde o avô tinha sido deportado por Salazar nos anos 1930, e onde ainda tinha família que não conhecia.
"Os laços perderam-se completamente", mas a curiosidade ficou. E foi com a ajuda da experiência do jornalista Luciano Alvarez, que, entre 1999 e 2000, passou um total de nove meses na ilha, que encontrou fotografias do tio iguais às guardadas em Portugal, histórias do avô anarco-sindicalista que tinha uma padaria no centro da cidade, parentes da sua avó timorense.
Adriano Miranda foi um dos vários fotógrafos do PÚBLICO que documentaram os tempos conturbados do referendo da independência, oito anos após o massacre de Santa Cruz: quando chegou já lá tinha estado Daniel Rocha, que aterrou logo em Abril, quando ainda se discutiam os moldes de realização da consulta popular; e Miguel Madeira, que acompanhou o referendo e o agravamento da violência das milícias.
"As imagens conseguem transmitir tudo." As filas para votar no referendo da independência, os ataques das milícias, os refugiados, a destruição e, depois, a construção de um país — o jornal terá o mais "rico registo fotográfico desse período da história de Timor-Leste", considera Luciano Alvarez.
Para Adriano Mirando foi uma viagem marcante. "Marcou-me porque encontrámos um país completamente destruído, só tinham sobrado as paredes. Marcou-me também a alegria daquele povo que tinha finalmente conquistado a independência, depois de tantos anos. E marcou-me porque reencontrei parte da minha família que estava perdida há décadas."
Miguel Madeira esteve em Timor durante e após o referendo, quando a situação estava a um passo do caos. "Foi a primeira vez que andaram aos tiros ao pé de mim. As milícias estavam em todo o lado, nas ruas, cercaram o hotel, depois entraram." A maioria dos jornalistas internacionais já tinha ido embora, sobravam uns quantos e os portugueses, recorda. Acabou por sair para Jacarta, quando se tornou claro que não era possível garantir a sua segurança — só ficaram "quatro malucos, incluindo o Luciano", que procuraram abrigo na sede da ONU.
Voltaria mais de uma década depois, para acompanhar a visita do Presidente Cavaco Silva, em 2012, para registar as mudanças. "Tinha mudado imenso. Quando fomos lá da primeira vez havia muita pobreza, miséria. Da segunda, havia na mesma muita pobreza, mas também se notava que havia dinheiro."
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