Caveiras com flores, perucas, gorros e cigarros: assim se honram os mortos na Bolívia

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No dia 8 de Novembro de cada ano, celebra-se, na Bolívia, o Dia de las Ñatitas – ou, como é conhecido internacionalmente, o Dia das Caveiras. Assim que o Sol se levanta, os bolivianos que cumprem a tradição de raiz pré-hispânica adornam as caveiras dos seus familiares com flores, perucas, gorros e outros adereços e transportam-nas até aos cemitérios, onde ficam em exibição e são veneradas. "Elas são milagrosas", explica uma devota desta tradição, Melvi Mariscal, à Reuters, no cemitério central de La Paz. "Elas são alminhas muito queridas que fazem milagres. Tudo aquilo que lhes pedimos, elas realizam." 

Nos cemitérios, conjuntos de caveiras estão em exibição, rodeadas de velas, folhas de coca, grinaldas. Algumas estão dentro de redomas ou vitrinas decoradas. Após um hiato forçado de um ano, devido à pandemia de covid-19, a capital boliviana devolveu os seus mortos à luz do dia e recuperou, assim, a sua protecção sobrenatural. "Eles ajudam nos estudos, no trabalho, na saúde", continua Melvi. "Estão sempre a proteger-nos, a dar-nos uma mãozinha."

Sofia Irusta, outra crente boliviana nesta tradição, confirma: "Quando alguém está doente na família, peço-lhe uma cura e ele cumpre", diz, segurando nas mãos a caveira de um familiar ornamentada com cigarros, uma peruca e uma coroa de flores. "Tudo o que lhe peço ele cumpre. É disso que gosto mais na minha caveira." Para os crentes, o cumprimento deste ritual é uma forma de honrar os mortos, mas também de garantir boa sorte e protecção para todo o ano.

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