Movember: É preciso cuidar da saúde dos homens!
Tradicionalmente os homens queixam-se menos, fazem menos exames médicos, tomam menos medicamentos, vão a menos consultas médicas (e, quando vão, na maioria dos casos são incitados por outros) e sabemos que morrem mais cedo.
Novembro é conhecido como o mês azul, o mês de promoção da saúde do homem, uma iniciativa que surgiu em 2003 com a criação da organização internacional de beneficência “Movember”. A Urologia/Andrologia, sendo a especialidade que se dedica em grande parte ao diagnóstico e tratamento das doenças do homem, associa-se a esse movimento para alertar consciências e mudar paradigmas na promoção da saúde física e mental dos homens.
Tradicionalmente os homens queixam-se menos, fazem menos exames médicos, tomam menos medicamentos, vão a menos consultas médicas (e, quando vão, na maioria dos casos são incitados por outros) e sabemos que morrem mais cedo, sofrendo de patologias que vão desde o cancro da próstata, cancro testículo, aumento volume próstata (hiperplasia benigna da próstata), doenças cardiovasculares, disfunção eréctil, depressão e suicídio.
Mas quando se deve consultar o urologista? A resposta é simples: não existe uma idade mínima para procurar este especialista. Existem patologias que podem afectar o homem numa idade precoce. A título de exemplo, o cancro do testículo pode afectar 1% dos homens entre os 15 e os 35 anos.
A prevenção e o diagnóstico precoce salvam vidas e por isso é aconselhada uma vigilância mais regular a partir dos 40/50 anos, uma vez que existem patologias mais frequentes como é o caso, a título de exemplo, do aumento do volume da próstata.
Mas não há Movember sem se referir especialmente ao cancro da próstata. De acordo com o Observatório Global de Cancro, em 2020, Portugal, o cancro da próstata foi o cancro mais frequente no homem, 20% de todos os cancros (6759), seguido do cancro colorrectal (19%) e pulmão (11%). Contudo, apesar de ser um cancro prevalente, é importante reforçar que o seu diagnóstico precoce permite uma taxa de cura elevada.
É uma doença geralmente silenciosa e assintomática, em que o aparecimento de sintomas pode ser sinal de doença avançada.
A realização de uma análise de sangue conhecida como PSA (antigénio específico da próstata), o toque rectal, a ecografia ou ressonância magnética da próstata podem ajudar no diagnóstico e a discussão com o urologista é fundamental para avaliar a necessidade de uma biópsia, que é a única forma de obter um diagnóstico definitivo de cancro da próstata.
Se for diagnosticado com cancro da próstata não desanime. Os avanços na medicina têm trazido novas opções de tratamento. De acordo com a fase de evolução (estadio) e agressividade da doença, esta pode ser tratada através de cirurgia minimamente invasiva (prostatectomia radical laparoscópica/ robótica), radioterapia (externa, braquiterapia), terapia hormonal, quimioterapia ou apenas vigilância.
O aumento do volume da próstata, designada de Hiperplasia Benigna da Próstata, é uma das doenças benignas mais comuns nos homens que se caracteriza por um aumento do volume da próstata. Quando aumenta de volume, pode estreitar gradualmente a uretra, dificultando o fluxo de urina. Afecta cerca de 40% dos homens aos 50 anos e cerca de 90% aos 90 anos. É, portanto, uma doença progressiva, com importante impacto na qualidade de vida.
Os sintomas podem ser aliviados com recurso a medicamentos capazes de relaxar os músculos da bexiga, aliviando assim o obstáculo ao fluxo de urina.
A cirurgia é a melhor opção sempre que os sintomas interferem de modo significativo com a qualidade de vida da pessoa. O procedimento mais comum é a ressecção transuretral da próstata (em que é removida a parte da próstata que causa os sintomas) havendo hoje em dia outras técnicas cirúrgicas minimamente invasivas, como enucleação a laser, termoterapia ou nos casos de próstatas muito volumosas, cirurgia laparoscópica ou robótica, com resultados funcionais excelentes.
O mais importante é um diagnóstico precoce, mediante consulta médica e testes laboratoriais, que permitem uma intervenção terapêutica antecipada e, por isso, mais eficaz.
Não poderíamos deixar de abordar também a disfunção eréctil, uma doença que afecta 29% dos homens entre os 40 e os 49 anos, 50% entre os 50 e os 59 e 74% entre os 60 e os 69 e corresponde à incapacidade constante ou recorrente de obter ou manter uma erecção que permita uma actividade sexual satisfatória.
Apesar de ser uma doença benigna, associa-se com frequência às doenças cardiovasculares, podendo precedê-las e funcionando como um verdadeiro marcador de risco. Dado o seu impacto na auto-estima dos doentes afectados, muitos preferem não procurar ajuda, o que tende a agravar o problema. No entanto, na maioria dos casos — cerca de 90% — a disfunção eréctil é tratável.
Nunca é demais relembrar que não deve menosprezar qualquer tipo de sintomatologia. Um acompanhamento médico regular permite uma detecção precoce de possíveis doenças e pretende promover uma vida mais saudável, longa e feliz. Não adie mais a consulta com o urologista.