Cinco séries de produção nacional
A produção nacional está recheada de séries de grande qualidade. Com argumentos cativantes e interpretações seguras, englobam vários géneros, desde a ficção à recriação histórica. Seleccionámos algumas das mais interessantes para o seu fim-de-semana.
A Herdade
HBO
João Fernandes (Albano Jerónimo) é o patriarca de uma abastada família tradicional portuguesa. A herdade de que é proprietário situa-se na margem sul do Tejo e é um dos maiores latifúndios da Europa. A vida dele, assim como o local onde sempre viveu, é um espelho de Portugal. Percorrer a história de João, desde os princípios da década de 1940 até à actualidade, é contextualizar a vida social, política e financeira de um país inteiro. Projecto do produtor Paulo Branco, com argumento de Rui Cardoso Martins e realização de Tiago Guedes (Coisa Ruim, Tristeza e Alegria na Vida das Girafas, Glória), o filme A Herdade estreou-se nas salas portuguesas em Setembro de 2019 e foi distinguido com o Prémio Bisato d'Oro da crítica independente para Melhor Realização no 76.º Festival de Veneza. O filme deu entretanto origem a esta mini-série de quatro episódios que foi exibida na RTP e que agora se encontra disponível na plataforma de streaming HBO. Para além de Jerónimo como protagonista, conta também com a participação de Sandra Faleiro, Miguel Borges, Diogo Dória, Victoria Guerra, Teresa Madruga e Ana Bustorff, entre outros.
Auga Seca
RTP Play e HBO
Não sendo uma produção exclusivamente portuguesa, Auga Seca é uma co-produção da Portocabo com a portuguesa SPi para a RTP e para a Televisión de Galicia. Criada por Alfonso Blanco, Araceli Gonda e Daniel D. García, é realizada por Toño López (Matalobos) e pelo português Sérgio Graciano (Linhas de Sangue, Salgueiro Maia - O Implicado, O Som Que Desce na Terra). A acção inicia-se quando Paulo Duarte, de 24 anos, aparece morto no porto de Guixar, em Vigo, no que tudo indica ser um suicídio. Mas pôr termo à vida é algo de tal modo despropositado para quem conhece Paulo, que causa desconfiança, especialmente aos que lhes são mais próximos. Inconsolável, mas decidida a descobrir o que realmente se passou, Teresa, a irmã, deixa Lisboa e segue para Vigo. É assim que descobre que aquela morte está relacionada com o comércio ilegal de armas levado a cabo por um grupo de criminosos comandado por Mauro Galdón, dono de uma importante empresa de logística, e padrinho de Teresa. Com imagens belíssimas das cidades de Lisboa e Vigo, esta série policial acaba de entrar na segunda temporada: a RTP1 estreou-a na passada quarta-feira; na próxima sexta, chegará também à HBO Portugal. O elenco, luso-espanhol, é constituído por Victoria Guerra, Monti Castiñeiras, Sergio Pazos, Eva Fernández, Adriano Luz e Joana Santos, entre outros. Na nova temporada, é reforçado por actores como Pêpê Rapazote, Luana Piovani ou Gonçalo Waddington.
Conta-me Como Foi
RTP Play
Num retrato de Portugal desde os anos 1960 até aos 1980, esta série segue o dia-a-dia dos Lopes, uma família a viver num bairro social lisboeta. O pai António, a mãe Margarida, a avó Hermínia e os irmãos Toni, Isabel e Carlos reflectem uma rotina semelhante àquela que milhões de portugueses viveram há décadas. Baseada na série espanhola Cuéntame… como pasó – que em 2001 começou por mostrar o período da ditadura franquista e já vai na 21.ª temporada –, Conta-me Como Foi foi adaptada à realidade portuguesa e revela as mudanças de hábitos e mentalidade ao longo dos anos, integrando factos históricos, sociais e políticos de Portugal e do mundo. Rita Blanco, Miguel Guilherme, Catarina Avelar, Rita Brütt, Fernando Pires, Luís Ganito e Beatriz Frazão dão vida aos elementos do clã. Estreada em 2007, a série vai já na sétima temporada (com vários anos de interregno entre cada uma) e, desde então, foi reunindo várias gerações à volta do televisor. Além de estar disponível na RTP Play, pode ser (re)vista aos domingos, ao final da tarde, na RTP1.
O Atentado
RTP1 e RTP Play
“Corria o ano de 1937. António de Oliveira Salazar já erguera as mais sólidas estruturas do Estado Novo. De entre elas, emergia a Polícia de Vigilância e Defesa do Estado que perseguia quem se opunha à ditadura”. São estas as palavras que apresentam o espectador à história escrita por Francisco Moita Flores e realizada por Jorge Paixão da Costa. Esta série de época, que se apoia em informações do processo oficial do caso, incide sobre o atentado à vida de Salazar, ditador de Portugal, ocorrido pouco depois das dez da manhã do dia 4 de Julho de 1937, quando saía do seu automóvel oficial para assistir à missa, e na consequente caça ao homem. Apesar de Salazar não ter sofrido quaisquer ferimentos, a operação organizada por anarquistas e comunistas foi usada pela máquina de propaganda do Governo, resultando numa glorificação do Estado Novo. A dar vida às personagens estão Tomás Alves, Laura Dutra, Joaquim Nicolau, Gonçalo Botelho, Anabela Moreira, João Craveiro, Diogo Martins e José Pedro Vasconcelos, entre outros.
Glória
Netflix
Com argumento de Pedro Lopes (um dos argumentistas de Auga Seca) e realização de Tiago Guedes (A Herdade), Glória é uma série histórica baseada em factos reais com produção da SPi, do Grupo SP Televisão, e co-produção da RTP, que faz história ao ser a primeira produção portuguesa original da plataforma Netflix. Filmada no Ribatejo e em Lisboa, e com a Guerra Fria como pano de fundo, a trama tem como temática a espionagem durante os anos 1960 em Glória do Ribatejo (situada no concelho de Salvaterra de Magos, Santarém) numa altura em que, segundo a nota de imprensa, “em Portugal, a ditadura se perpetuava graças ao medo e à repressão da polícia política e a uma guerra em três frentes nas colónias que deixaria marcada uma geração.” Esta série conta com o maior orçamento de sempre na história da produção nacional e junta um elenco de peso: Miguel Nunes, Carolina Amaral, Afonso Pimentel, Adriano Luz, Joana Ribeiro, Albano Jerónimo, Marcelo Urgeghe, Sandra Faleiro, Carloto Cotta, Maria João Pinho, Inês Castel-Branco, Rafael Morais, Leonor Silveira, Matt Rippy, Stephanie Vogt, Jimmy Taenaka, Ana Neborac e Augusto Madeira. Glória estará disponível a partir de amanhã, dia 5 de Novembro, na Netflix, e está previsto que seja transmitida em breve na RTP1.