Portas compara actual CDS a “associação de estudantes”
Na TVI, o antigo líder apela a que Rodrigues dos Santos se entenda com Nuno Melo sobre um congresso. Mas lembra que nunca saiu do CDS e que “fará tudo para conservar essa posição”.
Paulo Portas, que liderou o CDS durante 16 anos, foi duro para a actual direcção de Francisco Rodrigues dos Santos, assumindo que fica “impressionado” quando um “directório fica contente com a saída” de figuras como António Pires de Lima, “um dos melhores gestores da sua geração”, ou Adolfo Mesquita Nunes, “uma das cabeças mais brilhantes do centro-direita”. A posição foi assumida no seu comentário semanal, este domingo à noite na TVI, onde quebrou o silêncio (de vários anos) sobre a vida interna do CDS.
Lembrando que só três antigos presidentes não saíram do partido – Adriano Moreira, Assunção Cristas e o próprio, Paulo Portas sugeriu que a sua permanência pode estar em risco: “Farei tudo o que puder - incluindo pedir muita indulgência aos meus princípios democráticos - para conservar essa posição”. “Vi o que vi, li o que li, e ouvi o que ouvi, é com certeza grave”, afirmou.
O antigo vice-primeiro-ministro comparou o conselho nacional de sexta-feira passada com uma “associação de estudantes com más práticas”. “Ele [Rodrigues dos Santos] suspendeu o congresso com uma eleição aberta sem saber a data das legislativas e aparentemente saltando prazos regimentais”, apontou.
No entanto, Portas aconselhou o líder do CDS a telefonar e “conversar” com Nuno Melo “sem câmaras nem luzes” para “chegar a acordo” sobre a realização de “um congresso e a sua data, com “garantias de transparência e com limites à animosidade dos discursos”.
“Se vai acontecer, ou não, veremos. Era o que eu faria com a autoridade de o ter feito”, afirmou, lembrando que com o adiamento do congresso “ficará sempre a dúvida se [Rodrigues dos Santos] o cancelou por ter medo de o perder”.
O antigo líder do CDS foi ainda crítico sobre a actuação da actual direcção centrista considerando só poder haver agum “problema de bom senso quando passam dois anos a tentar tirar do Parlamento a melhor deputada, Cecília Meireles”.
Paulo Portas recordou também que liderou o partido durante 16 anos, período ao longo do qual tentou integrar mesmo os opositores internos. “Tirei-o várias vezes do chão, com muita paciência e integração”, afirmou, referindo que convidou “sempre” para as listas os “adversários em congresso”. Como exemplo apontou os casos de Maria José Nogueira Pinto (que foi Provedora da Santa Casa “por acordo” com Durão Barroso), José Ribeiro e Castro e de Filipe Anacoreta Correia.
O antigo vice-primeiro-ministro deixou a liderança do CDS em Dezembro de 2015, depois de a aliança com o PSD ter ganho as legislativas, mas o Governo não ter conseguido suporte parlamentar.