Nuno Melo “não abandona” CDS e volta ao tribunal do partido para tentar congresso electivo
O candidato à liderança centrista não desiste da realização do congresso electivo a 27 e 28 de Novembro cuja realização foi adiada pelo conselho nacional desta sexta-feira. “Tenho pela frente luta pela decência, luta pela legalidade”, declara Nuno Melo.
Nuno Melo não se conforma com o adiamento do congresso electivo do CDS decidido esta sexta-feira numa reunião extraordinária do conselho nacional do CDS e promete lutar para garantir a realização do conclave centrista na data anteriormente prevista de 27 e 28 de Novembro.
“Tenho pela frente luta pela decência, luta pela legalidade”, afirmou o eurodeputado e candidato à presidência do CDS numa declaração feita na tarde deste sábado a partir de um hotel, no Porto. Nuno Melo acusou o actual líder de manobras antidemocráticas feitas por “medo” de perder a disputa interna que se perspectiva entre ambos para o final do próximo mês.
Nuno Melo anunciou que ainda este sábado vai remeter ao conselho de jurisdição do CDS um pedido de “impugnação para que, em coerência, todas as deliberações tomadas ontem (sexta-feira) sejam nulas e, sendo nulas, para que com a urgência possível sejam realizadas as eleições dos delegados ao congresso para que esse congresso seja realizado”.
O eurodeputado sublinhou que o tribunal centrista considerou esta sexta-feira como “nula a convocatória” para o conselho nacional que acabou por votar favoravelmente o adiamento do congresso electivo do CDS para depois das legislativas, razão pela qual defende que qualquer decisão que saísse desse encontro “ilegal” marcado com carácter de urgência seria nula.
No entender de Melo, o adiamento do congresso votado no conselho nacional significa que o presidente do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, irá apresentar-se a legislativas “no fim do mandato” e “sem se legitimar” internamente, o que para o eurodeputado “não é normal”. Acusa ainda o presidente do conselho nacional, Filipe Anacoreta Correia, de o tentar tentado “silenciar” na reunião que decorreu sexta-feira por meios virtuais, opção que Melo considera ter sido prosseguida por receio de um confronto pessoal.
“Não abandono [o CDS]”, proclamou, garantindo não desistir ante a “tortura democrática” feita pela actual direcção e por Anacoreta Correia. Pelo contrário, Nuno Melo diz que ficar ainda “mais firme” na “determinação de mudar os destinos do CDS”.
Nuno Melo afiança que Rodrigues dos Santos “sabia que perdia” numa contenda consigo próprio pela liderança do partido, lamentando que o processo em torno da presidência do CDS é um “jogo viciado desde o primeiro dia”. No entanto, Melo não esperava que o actual líder “pudesse ir tão longe”, “desrespeitando uma decisão soberana do tribunal do partido”, algo que “nem o Arnaldo Matos aceitaria porventura fazer”.
Mais do que a questão da “nulidade” das decisões deste conselho nacional, Nuno Melo considera que aquilo que está verdadeiramente em causa é saber o que “se pretende para o CDS no futuro”, deixa usada para criticar a “estratégia de uma direcção que quer o CDS a caminhar debaixo da asa do PSD”, “aceitando esmola de quatro ou cinco deputados” para, quem sabe, Rodrigues dos Santos cumprir o “sonho de vida” sendo eleito deputado.
“Nunca o CDS bateu tão fundo”, lamentou, sustentando que o “líder do CDS prefere fugir à democracia para poder representar o CDS, em Fevereiro, já depois de ter perdido o seu mandato”.
Debandada no CDS
Já este sábado, o ex-dirigente Adolfo Mesquita Nunes anunciou a desfiliação do partido por já não se reconhecer no mesmo. Entretanto, o jornal Novo noticiou que João Almeida, deputado e candidato derrotado nas últimas eleições internas, vai deixar a bancada parlamentar centrista. No final de Setembro, também Ana Rita Bessa abandonou o grupo parlamentar do CDS, renunciando assim ao mandato de deputada e dando origem a um difícil processo de substituição devido a várias recusas.
Já este sábado foi também tornada pública a desfiliação de três outros militantes destacados. A ex-deputada Inês Teotónio Pereira, o antigo dirigente João Condeixa e Manuel Castelo-Branco anunciaram a saída do CDS.