COP26
O “efeito Greta” na luta climática mundial
O "efeito Greta" levou milhares de jovens a fazerem greve à escola às sextas-feiras, tal como ela, rumando às ruas e fortalecendo o movimento Fridays for Future.
COP24, Katowice, Polónia, Dezembro de 2018. Nos corredores à margem da cimeira, uma jovem de 15 anos dá uma entrevista à agência Reuters. Tem pendurado um cartão ao pescoço que diz “observadora” e o seu nome completo: Greta Tintin Eleonora Thunberg. No final, a jornalista quer confirmar: “Então, o teu nome é Greta T-h-u-n-b-e-r-g”.
A partir daí, o nome e a jovem ganharam escala global. O "efeito Greta" levou milhares de jovens a fazerem greve à escola às sextas-feiras, tal como ela, rumando às ruas e fortalecendo o movimento Fridays for Future.
Foi uma amiga que falou a Andreia Galvão, 20 anos, de uma "rapariga sueca que estava a fazer greve pelo clima". Rapidamente se juntou à primeira manifestação em Portugal, em Março de 2019. Tornou-se activista climática, tocada pelo "efeito Greta". "O maior legado que ela pode ter é não só uma viragem de discurso a nível internacional, mas também ter tido um papel evidente na emancipação de milhares de jovens, que perceberam que a política também podia ser feita por eles", defende Andreia.
Há três anos, na cimeira de Katowice, Greta, que tinha começado a greve às aulas pelo clima há poucos meses, mostrou ao que vinha. O tom de voz era mais calmo, o volume mais baixo, mas a mensagem incisiva e provocadora já se ouvia. Mantém-se praticamente igual à que hoje continua a espalhar como um megafone: a crise climática está aí, os lideres políticos falham na acção, ouçamos os cientistas, o poder pertence ao povo, o tempo está a esgotar-se.
"Precisamos das palavras dela para desmontar muita hipocrisia por parte das empresas e dos governos", diz ao P3 Francisco Ferreira, presidente da Zero - Associação Sistema Terrestre Sustentável. Ricardo Garcia, jornalista especialista em ambiente, nota que embora a mensagem de Greta Thunberg não seja nova, ela foi mobilizadora como nunca. "O paradigma da sociedade tem de mudar. Agora se isso vai acontecer pela mobilização em torno de uma pessoa, dos jovens, é difícil dizer", afirma.