Lady Drag salta dos palcos nocturnos para as manifs de El Salvador

Rodrigo Sura/EPA
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Em uníssono, numa das praças centrais de San Salvador, centenas de manifestantes gritam contra as medidas do actual presidente Nayib Bukele: "Troco a tua bitcoin pelo meu desaparecido". Num contexto social tumultuoso, marcado pela violência gerada pelos grandes grupos criminosos La Mara Salvatrucha (MS-13) e Barrio 18, a Assembleia Legislativa de El Salvador aprovou, a 7 de Junho, a muito contestada Lei Bitcoin, que torna oficial e legal o uso de criptomoeda como moeda de troca em qualquer transacção. O país é o primeiro no mundo a adoptar esta medida. Num tweet recente, o presidente Bukele congratula-se pelo facto de, "em menos de três semanas, a carteira Chivo [como é chamada a carteira de criptomoeda no país] ser mais utilizada do que qualquer conta de banco em El Salvador".

Entre os manifestantes está Marvin Pleitez, um artista drag que se tornou presença assídua e icónica nas manifestações. Lady Drag saltou dos palcos de bares e discotecas de San Salvador para contestar essa e outras medidas do Governo. "Dias antes da primeira marcha, convocada para 7 de Setembro, decidi levar a personagem para as ruas", contou à agência noticiosa EFE. A sua presença chamou a atenção dos meios de comunicação social nacionais e internacionais. "Nunca esperei que a Lady obtivesse este tipo de atenção", confessa. "Isso não me intimida, no entanto. Estou habituado aos palcos. Simplesmente deixo fluir a personagem."

Maquilhagem, vestidos de lantejoulas e sapatos de salto alto fazem parte do figurino de Marvin Pleitez, actor de teatro e atleta de culturismo. "Eu já tinha participado em manifestações. Mas, enquanto artista, senti necessidade de construir uma personagem que chamasse a atenção, com a qual as pessoas se sentissem identificadas." Lady Drag promete sair para as ruas nas próximas manifestações em luta pelos direitos de todos os salvadorenhos e, em particular, também pelos direitos da comunidade LGBTQI+, que considera ser "muito estigmatizada e discriminada" no país. "Se estiver nas minhas mãos sair para a rua com a Lady, vou fazê-lo sempre que possível."

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