Espanhóis do Vox voltam a mostrar Portugal anexado pela Espanha

Partido de extrema-direita já o tinha feito em Janeiro de 2020 e o seu aliado português Chega pediu um pedido de desculpas que nunca aconteceu. Hoje estão ainda mais próximos.

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Mapa do Vox mostra Portugal anexado pela Espanha DR

O partido espanhol de extrema-direita Vox voltou a festejar o Dia de Espanha — “Dia de la Hispanidad” —, que se comemorou nesta terça-feira, publicando na rede social de Espanha uma gravura que mostra um mapa-mundo em que Portugal está anexado pelo país vizinho e em que é também publicado o brasão de de Portugal.

“Neste dia, há 529 anos, [Cristóvão] Colombo descobriu a América e começou a Hispanidad, a maior geminação realizada por um povo na história universal”, escreveu, logo na manhã de terça-feira, na rede social Twitter o partido liderado por Santiago Abascal, como texto de apoio à gravura.

No centro da imagem, está um mapa que assinala a vermelho antigas possessões da coroa espanhola em todo o mundo, incluindo Portugal, toda a América Latina, grande parte da América do Norte e as costas africanas do Atlântico e Índico, incluindo o que é hoje Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique, entre outros países.

No topo, uma bandeira com as armas portuguesas, ao lado do escudo real espanhol filipino, durante o período de 60 anos de anexação de Portugal por Espanha (1580-1640), em que as armas portuguesas faziam parte do brasão da coroa espanhola.

Esta já não é a primeira vez que o Vox publica nas redes sociais o mapa em que Portugal surge anexado pela Espanha.

Em Janeiro de 2020, o partido espanhol convocou uma manifestação contra movimentos independentistas em que publicava nas redes sociais a mesma ilustração.

Na altura, o partido português Chega, que é um aliado do Vox, manifestou a sua indignação pelo facto, exigindo que os espanhóis se retractassem pelo facto.

“André Ventura [presidente do Chega] irá exigir ao dirigente espanhol que o seu partido se retracte pelo mapa que foi divulgado recentemente pelo Vox e que anula a presença de Portugal na Península Ibérica e coloca Espanha a dominar todo o território ibérico”, afirmou o partido português numa nota enviada à comunicação social.

Além de exigir uma “correcção pública deste erro”, o Chega avisa que “irá ainda exigir que tal equívoco não se volte a repetir, sob pena de as relações entre Portugal e Espanha, tão prezadas por ambos os países, poderem sair prejudicadas”.

O Vox nunca se retractou e nem as relações entre os dois partidos ficaram afectadas. Antes pelo contrário. No passado dia 24 de Setembro, o Chega e o Vox assinaram na capital espanhola a “Carta de Madrid”, em que André Ventura descreve como início de uma união de forças para uma “luta civilizacional”.

“Esta Carta de Madrid representa a união de duas forças políticas que querem ser Governo (…), mas ao mesmo tempo têm objectivos internacionais claros”, descreveu o presidente do Chega em conferência de imprensa.

Para André Ventura, o compromisso político agora assumido traduz a união dos dois partidos naquilo que quer que seja “uma luta civilizacional, cultural e ideológica” e que começa nos respectivos países e se estende à União Europeia.

 Sobre a união entre os dois partidos, o líder do partido espanhol disse que só agora começam a trabalhar em conjunto, mas já é claro que se aproximam.

“Têm uma grande coincidência programática e no futuro vão ser vistos a trabalhar de forma unida em duas nações que são irmãs e que também têm de estar juntas na Europa, sublinhou.

Para já, a “Carta de Madrid” foi assinada pelo Chega e pelo Vox, mas o objectivo é fazê-la chegar a outros partidos e movimentos políticos, a outros países e, no fundo, a qualquer pessoa da sociedade civil que se identifique com os princípios defendidos no documento.

O Vox foi fundado em 2013 por antigos militantes do Partido Popular. Entre 2017 e 2018, com a crise na Catalunha e a crise migratória a afectar Espanha, o partido, liderado por Santiago Abascal desde o Verão de 2014, viu a sua militância a crescer e as sondagens começaram a indicar que o Vox poderia entrar no Parlamento espanhol.

A eclosão do Vox a nível nacional ocorre nas eleições regionais em Dezembro de 2018 na Andaluzia, onde o partido consegue obter mais de 11% dos votos e 12 deputados regionais.

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