Falta de chips trava indústria alemã em Agosto
Crise no comércio internacional de componentes está a atrasar retoma da economia europeia, com efeitos negativos que vão da Alemanha até Portugal.
A produção industrial alemã registou, em Agosto, uma quebra de dimensão inesperada, revelando as dificuldades que a maior economia europeia está a sentir perante as actuais disrupções no fornecimento mundial de componentes.
Depois de, em Julho, ter registado um crescimento de 1,3%, a produção industrial alemã caiu 4% em Agosto, segundo os dados oficiais publicados esta quinta-feira. É uma quebra maior do que a esperada pelos analistas (um inquérito realizado pela Reuters apontava para uma descida de 0,4%) e que dá conta de uma forte deterioração do desempenho do importante sector industrial e exportador alemão.
As dificuldades fazem-se sentir em particular no sector automóvel e têm como explicação, não uma nova quebra da procura relacionada com a pandemia, mas sim a incapacidade das empresas alemãs para obterem todas as componentes de que precisam para a sua produção. “Os produtores continuam a relatar a existência de constrangimentos provocados pela insuficiência na oferta de produtos intermédios”, revela a nota publicada pela autoridade estatística alemã.
Desde o início da pandemia que se tem vindo a assistir a persistentes dificuldades no comércio internacional de componentes, afectando particularmente sectores como o da produção automóvel. O comércio de chips tem vindo, em particular, a registar atrasos muito significativos que se reflectem depois também num aumento dos preços.
No caso da Alemanha, de acordo com os dados publicados esta quinta-feira, a quebra na produção de automóveis e das suas componentes atingiu em Agosto os 17,5%.
No entanto, também outros países, incluindo Portugal, sentem os efeitos da crise vivida na oferta de componentes. No boletim económico publicado na quarta-feira, o Banco de Portugal reviu em baixa a sua estimativa de crescimento das exportações em 2021, dando como explicação precisamente a dificuldade revelada por alguns sectores, em especial o da produção automóvel, em assegurar atempadamente todos os materiais e componentes de que precisa.