“Não atropelem o futuro do país.” Alunos e pais da Maria Barroso manifestam-se por mais segurança à entrada da escola

Neste Dia Europeu sem Carros, alunos e pais da Escola Básica Maria Barroso manifestaram-se em frente à escola para alertar para a falta de segurança na passadeira que lhe dá acesso. Pedem mais sinalização, alguma medida que faça os carros abrandar para se sentirem mais seguros quando caminham para escola.

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Daniel Rocha
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Carro
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Rafael resume em poucas palavras o que o faz estar ali à entrada da escola, ainda antes de as aulas começarem: “Fizemos esta manifestação porque estávamos há quatro anos a pedir para porem um sinal de escola aqui”, diz o aluno que anda no 3.º ano na Escola Básica Maria Barroso, no coração da baixa lisboeta. O sinal, diz a mãe Inês Pinto, que preside à associação de pais desta escola, apareceu “de ontem para hoje”.

Terá sido um resultado antecipado da manifestação convocada para a manhã desta quarta-feira, Dia Europeu sem Carros, para protestar precisamente contra o facto de a rua estar tomada por estes veículos, muitas vezes colocando os peões em perigo. 

Desde 2017, ano em que esta escola no Largo da Boa Hora foi inaugurada, a comunidade escolar tem alertado para a falta de segurança rodoviária no acesso ao estabelecimento de ensino. “Às vezes vamos a atravessar e os carros não param. Já apanhámos um susto aqui”, explicou ainda Rafael, contando com a anuência da mãe.

“Apesar de pequeninos já estão despertos para estas coisas. Explicámos-lhes que os pais já escreveram uma carta a pedirem para porem um sinal e para terem mais polícia e eles verem que nada acontece também os desmotiva muito”, diz Inês Pinto. 

Os carros sobem a Rua Nova do Almada em direcção ao Chiado e nem sempre param na passadeira que dá acesso à escola. Por vezes, com uma velocidade superior ao que seria adequado, ou até estacionam em cima das passadeiras, bloqueando passeios e obrigando crianças e pais a circularem pela estrada.

Por isso dedicaram-se a fazer cartazes, que hoje empunharam como forma de protesto por sentirem que não estão a ser ouvidos. Ocuparam a passadeira com palavras de ordem: “Deixa passar. Aqui é uma escola e nós queremos atravessar.” Pediram “Menos velocidade.” E irritaram um condutor apressado que perante os manifestantes parados na passadeira os tentou contornar, assustando quem ali estava. 

Muitos nem saberão ou se lembrarão que ali existe uma escola. O sinal que lá está agora junto à sinalização de passadeira foi, como já se disse, colocado recentemente. Na envolvente não há mais nenhuma referência relativa à existência de uma escola. Junto à Maria Barroso há ainda um parque de estacionamento subterrâneo, com entradas e saídas regulares de carros, o que impede que aquele espaço exterior seja aproveitado em segurança pelas crianças.

A identificação de que há uma escola nas proximidades está, por agora, satisfeita, mas a associação de pais gostaria de ver ainda implementadas outras medidas. “Tínhamos proposto que fosse colocado algum dispositivo que obrigasse à diminuição da velocidade, fosse uma lomba ou um semáforo. E pedimos também mais presença dos agentes da Escola Segura”, explica a representante dos pais.

Marta Paz, engenheira agrónoma, mora no Areeiro. Apanha o metro até à estação Baixa-Chiado, percorre depois a pé a Rua do Crucifixo e um troço da Rua de São Nicolau. “É um percurso muito curto, mas raramente se consegue fazer pelo passeio”, diz a mãe de uma aluna do terceiro ano e vice-presidente da associação de pais. “A Rua do Crucifixo, que tem pouco trânsito, está totalmente destinada a carros”, critica.

Em Julho passado, ainda antes do arranque do novo ano lectivo, a associação reuniu com o departamento de mobilidade da Câmara de Lisboa, na qual lhes foi apresentada uma primeira proposta de um projecto, que chamaram de pop-up, com vista à melhoria da visibilidade na aproximação às passadeiras, ao alargamento dos passeios na zona de atravessamento. Mas nada foi ainda implementado.

O PÚBLICO questionou o município sobre os planos que tem para aquela zona, mas ainda aguarda resposta. Entretanto, diz Inês Pinto, a câmara já convocou a associação de pais para uma nova reunião. “Ficámos muito satisfeitos com isso.”

Esta iniciativa aproveitou o final da Semana Europeia da Mobilidade e o período de campanha eleitoral para tentar que o assunto não caia no esquecimento. “Na campanha eleitoral discutem-se questões relacionadas com trânsito, estacionamento. Mas a segurança rodoviária dos peões não se discute. Temos as prioridades ao contrário”, nota Marta Paz.

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