Associação Mutualista Montepio com prejuízo de 86 milhões em 2020

A dona do Montepio regressou aos prejuízos na sequência dos resultados negativos do banco.

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Manuel Roberto / Publico

A Associação Mutualista Montepio teve um prejuízo consolidado de 86 milhões de euros em 2020, após um lucro de nove milhões de euros em 2019, penalizado pelas perdas de 81 milhões de euros do Banco Montepio, foi hoje divulgado.

“Em 2020, o resultado líquido consolidado do MGAM [Montepio Geral Associação Mutualista] foi negativo, em -86 milhões de euros, valor muito superior aos -18 milhões de euros registados em base individual”, lê-se no Relatório e Contas Consolidadas de 2020, disponibilizado hoje no ‘site’ da mutualista e que vai ser votado em Assembleia Geral Extraordinária no próximo dia 30.

Segundo a mensagem do presidente da mutualista, Virgílio Lima, tal deveu-se, “sobretudo, aos efeitos extraordinários do contexto pandémico nos resultados consolidados do Banco Montepio, que atingiram -81 milhões de euros, designadamente, por via dos montantes extraordinários de imparidades de crédito constituídas, entre outros efeitos adversos”.

Considerando o resultado líquido do exercício atribuível ao MGAM, o prejuízo ascende aos 89 milhões de euros em 2020, o que compara com seis milhões de euros de lucro no ano anterior.

A Associação Mutualista Montepio Geral vai a votos em 17 de Dezembro, estando na corrida à liderança da associação quatro listas concorrentes, uma das quais encabeçada pelo presidente Virgílio Lima e três de oposição à actual gestão.

De acordo com o relatório e contas da mutualista, “o Grupo Banco Montepio, pela sua dimensão, detém um papel determinante na expressão e evolução das contas consolidadas do MGAM, representando 86% do balanço consolidado em 2020”.

No ano passado, o resultado líquido consolidado do Banco Montepio atribuível aos accionistas atingiu -81 milhões de euros, face ao lucro de 22 milhões de euros reportado em 2019, “determinado, fundamentalmente, pelo maior nível de imparidades constituídas para riscos de crédito, na sequência da revisão em baixa do cenário macroeconómico associado aos impactos da pandemia de covid-19 nos agentes económicos, quer nos particulares, quer nas empresas, bem como pelos custos não recorrentes relacionados com as medidas de ajustamento do quadro de colaboradores e de redimensionamento da rede de balcões”.

À semelhança do ano anterior, o auditor manifestou “reservas” às contas do grupo, considerando que os resultados consolidados estão “sobreavaliados por um montante materialmente relevante”.