Arquitectura
Ursa é uma casa pequena feita em madeira (e sobre rodas) que mora em Cascais
A habitação é completamente off-grid e encontra-se em Cascais. A casa inclui duas zonas de descanso, um local de trabalho, cozinha, casa de banho e deck exterior.
Ursa é o nome da mais recente casa construída pelo atelier Madeiguincho: uma habitação movível, auto-suficiente e sustentável. A inspiração para o nome do projecto deriva das “praias mais escondidas de Cascais”, onde se localiza a casa revestida por madeira, explica Gonçalo Marrote, arquitecto principal e gerente da carpintaria.
Uma das particularidades do projecto é a habitação ser off-grid – ou seja, não precisa de outras infra-estruturas para funcionar. O telhado tem uma inclinação de 5%, o que permite que a água da chuva escorra pela fachada e pela janela oval. Depois segue em direcção a depósitos que têm como função recolher e filtrar a água – mais tarde, esta “pode ser utilizada para tomar banho ou, até, para beber”, refere o arquitecto.
Toda a água utilizada é armazenada num tanque e depois reaproveitada para regar as plantas. A casa de banho tem uma sanita compostável e, no que diz respeito à electricidade, a habitação é alimentada por cinco painéis fotovoltaicos. “Não temos projectos repetidos, tudo o que fazemos é em consonância com o cliente e as suas necessidades”, comenta.
A planta da casa é composta por duas zonas de descanso (uma para cada pessoa), um local de trabalho, a cozinha, a casa de banho e o deck exterior. Neste tipo de construção, o desafio é mesmo o cuidado com os pormenores: “como trabalhamos numa área pequena tem que se ter atenção ao detalhe, para que nada destoe”, revela o gerente da empresa.
A habitação integra um projecto que abrange três modelos de casas sobre rodas – esta é a maior, com sete metros de comprimento, 2,5 metros de largura e altura máxima de quatro metros. Este tipo de construção vem de um movimento que nasceu nos Estados Unidos da América e o que o distingue, segundo o arquitecto, é o facto de tornar uma casa numa “caravana personalizada”.
Se para muitos a pandemia significou a paralisação da respectiva actividade económica, para a Madeiguincho não, uma vez que o atelier viu a covid-19 como um “aliado”. “O trabalho cresceu”, começa por dizer Gonçalo Marrote, acrescentando que “a pandemia fez as pessoas aperceberam-se de coisas que de outra forma não se aperceberiam: há um aproximar da natureza, muita gente quer desligar-se da cidade e afastar-se para o campo”.
Texto editado por Ana Maria Henriques