Contestatários do Plano de Fomento Mineiro promovem caminhada na Guarda

Movimento contesta possibilidade de prospecção e futura exploração mineira em várias zonas da envolvente à Serra da Estrela, e temem que o modelo de desenvolvimento da região seja posto em causa.

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Há anos que várias associações vêm tentando travar a abertura de minas na envolvente à Serra da Estrela Sergio Azenha

Grupos opositores às minas promovem este sábado uma caminhada na zona de Gonçalo, no concelho da Guarda, no âmbito de um protesto contra o Plano de Fomento Mineiro. A caminhada “Não às Minas, Sim à Vida” é organizada pelo Movimento ContraMineração Beira Serra, pela Greve Climática Estudantil da Guarda e pela Associação Guardiões da Serra da Estrela. A iniciativa, marcada para a área da mina de Gonçalo, terá início pelas 09h30, junto da escola daquela vila.

“Esta caminhada inscreve-se no protesto contra o Plano de Fomento Mineiro que colocou 4788 quilómetros quadrados (km²) da região Beira Serra sob pedidos privados de prospecção e pesquisa, que abrangem um total de 15 zonas de 34 concelhos, bem como três zonas (Guarda - Mangualde, Argemela e Massueime) com uma área de 1536 km² destinadas a concurso público internacional promovido pelo Governo português, e ainda uma zona já em vias de exploração a céu aberto, também na Argemela, com 403,71 hectares”, referem os promotores em comunicado enviado à agência Lusa.

Segundo a nota, o plano, que abrange outras áreas rurais do interior do país, “é um atentado aos direitos fundamentais plasmados na Constituição da República Portuguesa, nomeadamente à liberdade, qualidade de vida, saúde das populações e ao Ambiente, e compromete severamente o percurso de desenvolvimento sustentável destas regiões desenvolvido nas últimas décadas, alicerçado na qualidade de vida, do ambiente e dos produtos endógenos, na agricultura e no turismo”.

Os contestatários acrescentam que “qualquer método de mineração implica consumos elevadíssimos de água, insustentáveis numa região sistematicamente em seca severa ou extrema”. “Concomitantemente, e face à diversidade de recursos minerais que se pretendem extrair, a água utilizada torna-se um efluente contaminado por metais pesados e ácido, cujo tratamento origina lamas tóxicas que deixam impactes negativos permanentes”, alertam.

De acordo com o comunicado, “a mineração origina, ainda, poeiras que se depositam nas áreas envolventes, causando problemas respiratórios nas populações e animais e perturbando o crescimento vegetal. O que, em zonas uraníferas como na área da Beira Serra, comporta um risco acrescido por serem poeiras radioactivas”, acrescentam.

Os organizadores também sustentam que, “contrariamente ao que o Governo e as empresas pretendem fazer crer, este “progresso” não é desenvolvimento, pois na verdade gerará poucos postos de trabalho localmente (todos eles precários), e num horizonte temporal de laboração de entre 10 a 20 anos, após o qual já terá destruído o tecido de micro e pequenas empresas que se desenvolveu nas últimas décadas, já terá aumentado o despovoamento e a seca e a poluição serão críticas”.