Alterações climáticas
As árvores (caídas e queimadas) que os incêndios na Grécia deixaram
As imagens repetem-se em todos os Verões europeus, mas desde 2008 que não eram tão negras. Os incêndios na Turquia alastraram-se pelo Sul da Europa e deixaram assim a Grécia, que em Agosto enfrenta a pior onda de calor das últimas décadas, com temperaturas a ultrapassarem os 40ºC em algumas regiões do país.
Na ilha Evia, a segunda maior do arquipélago grego, duas frentes de fogo destruíram milhares de hectares de floresta.
Bem perto do mar, como se pode ver nestas fotografias captadas com um drone, as chamas carbonizaram árvores, casas e negócios e obrigaram milhares de habitantes e turistas a fugir em ferries. Muitos queixaram-se de faltas de meios para combater os incêndios. Voluntários, quase todos homens jovens, ficaram para trás a tentar impedir o fogo de entrar nas casas, reporta a BBC. A CNN diz que 22 países enviaram profissionais e equipamento.
A floresta, que não foi plantada, era a fonte de rendimento de muitos dos habitantes da região. Esperar que árvores voltem a crescer o suficiente para lhes conseguir retirar a resina pode demorar mais de três décadas, dizem vários habitantes nos vídeos nas redes sociais e meios de comunicação no local. "Neste momento, todos estão aqui, estão todos a filmar estas imagens dramáticas", disse um dos voluntários ao canal televisivo. "Mas dentro de um ano, onde estarão?"
A vaga de incêndios começou dias antes de o painel científico da ONU dizer, pela primeira vez com todas as certezas, que as alterações climáticas intensificadas pela actividade humana irão tornar desastres como este cada vez mais frequentes e intensos.
O cenário esperado para o hotspot das alterações climáticas que são as regiões de clima mediterrânico, onde se inclui Portugal e a Grécia, por exemplo, já é há muito conhecido: aumento da temperatura média mais rápido do que à escala global; períodos de seca intercalados com chuvas muito intensas e pouco frequentes; ondas de calor mais frequentes; a costa a desaparecer debaixo da água do mar.
O incêndio no norte da ilha de Evia, alimentado por ventos fortes, começou a 3 de Agosto e ainda está em curso, com centenas de bombeiros a enfrentarem actualmente as chamas, enquanto tentam respirar e ver através do fumo e das cinzas.