Chegaram os dias mais quentes do ano, pelo menos até agora, com os termómetros a subirem bem para lá dos 30 graus em alguns pontos do país, com valores do índice ultravioleta muito altos ou mesmo extremos. E se, por um lado, apetece ficar resguardado, ao fresco de uma sombra, depois de tanto tempo fechados em casa o que mais se deseja é aproveitar o ar livre. Problema: depois de um ano atípico para a maioria, que, devido aos confinamentos e à obrigatoriedade do teletrabalho, esteve menos exposta ao sol, a possibilidade de apanhar um escaldão é ainda maior do que noutros Verões.
Por isso, nunca foi tão importante saber como tratar uma insolação e minimizar o desconforto, assim como ter à mão todas as dicas para evitar que tal volte a acontecer. Vale a pena não esquecer que a exposição excessiva ao sol está entre uma das principais causas de cancro da pele que, em Portugal, se estima ser a causa de mais de 400 mortes anuais (a maioria causada pelo melanoma, o tipo de cancro de pele mais grave e que contribui para cerca de 10% dos novos casos anuais).
Apanhei um escaldão! E agora?
Um escaldão, ou eritema solar, é uma queimadura provocada pela exposição ao sol e pelos raios ultravioleta. Mas nem todos os escaldões são iguais. Tal como acontece com outro género de queimaduras, o eritema solar é classificado segundo a sua gravidade por graus.
O de grau 1, o mais ligeiro, poderá ser quando a pele adquire um tom rosa, que parece picar em algumas zonas. Regra geral, se for esse o caso, basta um banho de água tépida e um bom hidratante para aliviar os sintomas.
No de grau 2, de intensidade média, é preciso dedicar mais cuidados à pele, já que se pode verificar um inchaço, sentir-se dores intensas e observar, até, a formação de bolhas. Nestes casos, além do banho de água tépida (pode até ser quase fria, mas nunca gelada), poder-se-á aliviar o inchaço com compressas humedecidas em água fria. Além disso, provavelmente, já terá de recorrer a cremes específicos para o tratamento deste tipo de queimaduras, sendo aconselhável consultar um farmacêutico.
Por fim, o de grau 3, muito grave, em que se dá a destruição de tecidos, a pele revela um tom muito vermelho, existindo inflamação que pode inclusive provocar febre. Nestes casos, poderá existir a real necessidade de consultar o médico, que, em casos de severa gravidade, poderá prescrever, além de anti-inflamatórios, corticóides ou antibióticos.
Mas, em todo o tipo de escaldão, há linhas gerais a seguir, a começar por evitar a exposição da pele queimada ao sol a todo o custo. Depois, convém evitar bebidas alcoólicas, que aceleram a desidratação, e aumentar o consumo de água.
Para vestir, é preferível optar por roupas largas, de tecidos macios e leves. E não se deixe convencer por aquela mezinha que alguém lhe segredou ser infalível: esfregar clara de ovo ou barrar manteiga no corpo apenas servirá para sacrificar um nutritivo pequeno-almoço...
E como evito que se repita?
Quem alguma vez apanhou um escaldão na vida de grau 2 ou 3, dificilmente se esquece das excruciantes dores — por mais anos que passem. No entanto, não é difícil evitar um segundo episódio infeliz e a Direcção-Geral da Saúde dá algumas dicas para que se viva o Verão, e as temperaturas elevadas, sem descurar o bem-estar.
São 5 pontos para serem seguidos à risca:
- Apenas sair de casa nas horas em que o sol estiver baixo, reduzindo ou anulando as actividades ao ar livre entre as 10h e as 17h;
- Usar chapéu, roupa de cor clara e óculos escuros;
- Aplicar protector solar pelo menos 30 minutos antes de sair à rua, com um factor de protecção igual ou superior a 30. Reforçar a aplicação ao longo do dia; na praia, fazê-lo pelo menos de duas em duas horas ou sempre após sair da água;
- Proteger o cabelo e os lábios com produtos específicos;
- Beber muita água e consumir regularmente frutas e legumes — para bebés, é aconselhado o reforço da oferta de água quando alimentandos com leite de fórmula; em aleitamento materno, deverá ser aumentada a oferta da mama e a mãe deve reforçar a ingestão de água.