“Eu tenho um pai e um papá”: retratos de famílias de pais gays
O fotógrafo belga Bart Heynen é um pai gay de dois filhos gémeos e dedicou os últimos anos ao projecto e fotolivro Dads, que reúne retratos de mais de 40 famílias com uma característica comum: ambos os pais são homens. “Infelizmente, para muitos homens e mulheres homossexuais do mundo criar uma família é menos provável do que ganhar a lotaria. Na melhor das hipóteses, várias gerações irão viver antes de haver, globalmente, direitos iguais para todos”, diz o fotógrafo, lembrando que 70 países membros das Nações Unidas têm ainda inscrito nas suas leis que qualquer interacção de natureza sexual consentida entre dois elementos do mesmo sexo é crime.
O amor entre dois homens também é vintage — e estas imagens centenárias comprovam-no
Há 20 anos que Hugh Nini e Neal Treadwell coleccionam fotografias centenárias de homens apaixonados. Nesta fotogaleria do P3, partilham parte do seu acervo presente no livro Loving: A Photographic History of Men in Love, 1850s–1950s. “Eles nunca poderiam imaginar que, um dia, tantos anos depois, a sua fotografia secreta viria a fazer parte de um livro que os celebra”, escreveu o casal, na introdução do livro de histórias de amor proibido de casais ingleses, franceses, alemães, búlgaros, croatas, sérvios, estónios, húngaros, italianos, portugueses, austríacos, checos, dinamarqueses, russos, japoneses, chineses. Vale a pena conhecê-las.
A homofobia continua a crescer na Hungria — mas este casal transgénero decidiu casar-se
O casamento do casal trans húngaro Tamara Csillag e Elvira Angya parecia outro qualquer: o par nervoso a arranjar-se, a saída para o tribunal onde o casamento ia acontecer. Mas no mundo do nacionalista primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, isto é especial — uma vez que Orbán tem vindo a ser cada vez mais hostil para com pessoas LGBT+ e proscreveu o reconhecimento legal da identidade transgénero.
Ironicamente, foi isso mesmo que tornou o casamento possível, uma vez que Csillag ficou a meio do processo, ainda com documentos que lhe atribuem o sexo masculino; Angyal já tinha completado a sua transição e os seus documentos provavam-no. "Amo-te”, disse Angyal, enquanto beijava a esposa. “Também te amo.” O Parlamento húngaro aprovou no mês do orgulho LGBT uma lei a proibir a divulgação a menores de 18 anos de conteúdos que incluam a “representação e promoção de uma identidade de género diferente do sexo à nascença, da mudança de sexo e da homossexualidade”, uma lei que foi vista como mais um acto de discriminação do Governo húngaro contra a comunidade LGBTI (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgénero e Intersexo) do país.
LGBT History: das lutas pré-Stonewall ao orgulho além das marchas
Junho é o mês do orgulho queer, com marchas e celebrações que remontam a 28 de Junho de 1969, considerado o momento fundador do movimento LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, transgénero) nos Estados Unidos. Foi por causa da vontade de dar a conhecer as vivências de pessoas queer noutras épocas que Leighton Brown e Matthew Riemer, advogados de Washington D.C., criaram em 2016 a @lgbt_history, uma conta no Instagram que publica imagens de vários arquivos do movimento LGBT, recuperando pormenores, estabelecendo ligações e identificando pessoas marcantes que muitas vezes ficam de fora da memória colectiva. “Negarem-nos a nossa história é uma parte fundamental da perseguição às pessoas queer: as culturas trabalham duro para diminuir a importância das nossas vidas e das nossas histórias”, escreve o casal na revista Them.
A comunidade LGBT do Uganda (re)encontrou as perseguições num campo de refugiados do Quénia
Eva Nabagala faz parte da comunidade de cerca de 300 pessoas LGBT (Lésbica, Gay, Bissexual e Transexual) do campo de refugiados de Kakuma, no Quénia. Fugiu do Uganda com o filho para escapar às perseguições da própria família. Mas diz ter sido agredida e violada quando chegou ao campo, como “castigo” por ser lésbica: “Fui ameaçada de morte, espancada, assediada e abusada sexualmente”, conta à Reuters. “Fugi de casa porque queria estar segura, queria protecção, mas tornou-se no oposto.” Não é a única, mostram as fotografias publicadas em 2020. No Quénia, relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo são puníveis com penas de até 14 anos de prisão. Ainda que a prisão raramente aconteça, a discriminação destes grupos é comum.
E um bónus: a fotógrafa que documentou a vida das mulheres lésbicas nos anos 70
Nos anos 70, a fotógrafa Joan E. Biren, conhecida por JEB, não se revia nas fotografias de lésbicas que existiam na altura. Fazer um retrato autêntico desta comunidade, nos Estados Unidos, foi o que motivou JEB a criar o conjunto de retratos que viriam a compor o fotolivro Eye to Eye: Portraits of Lesbians, editado pela primeira vez em 1979 pela própria e reeditado recentemente, em Março de 2021, pela Anthology Editions. Podes ver algumas das imagens aqui.