Spike Lee já tem equipa: júri de Cannes anunciado
O cineasta é o “cabeça de cartaz” de uma equipa. E o poster boy desta 74ª edição, que decorre de 6 a 17 de Julho.
Seis mulheres e dois homens vindos dos cinco continentes rodeiam o presidente Spike Lee no júri da competição de Cannes 2021 (de 6 a 17 de Julho): Mati Diop (realizadora, França, Senegal), Mylène Farmer (cantora, Canadá, França), Maggie Gyllenhaal (actriz, Estados Unidos), Jessica Hausner (realizadora, Áustria), Mélanie Laurent (actriz, França), Kleber Mendonça Filho (realizador, Brasil), Tahar Rahim (actor, França) Song Kang-ho (actor, Coreia do Sul).
Spike é o cabeça de cartaz, como já tinha sido anunciado. É o primeiro presidente do júri de Cannes. Mas é o “cabeça de cartaz” sem necessidade das aspas, é-o literalmente: o cidadão da “República Popular de Brooklyn, Nova Iorque” é o protagonista do cartaz oficial. Uma decisão algo inédita: faz dele o primeiro presidente a figurar no poster oficial. Houve uma outra vez, mas foi uma ligação mais tangencial: 2006, chefiava o júri Wong Kar Wai, e o cartaz focou-se em In The Mood for Love, a silhueta de Maggie Cheung e uma porta.
Em comunicado o festival justifica este reinado de Spike Lee com um conjunto de razões que serão talvez uma série de mandamentos: “porque é enorme a impaciência em finalmente reencontrar o décor de Cannes: a beira mar, as palmeiras e o ecrã negro que receberá como uma página em branco os filmes da Selecção Oficial"; por causa “do olhar curioso que ele [Spike Lee] vai dedicar ao trabalho dos seus colegas cineastas que vão trazer novas do mundo, do seu mundo e forçosamente de um pouco do nosso”; por causa "do olhar pessoal que ele nos oferece desde o seu primeiro filme: rodado no calor do Verão 1985 a preto e branco – já –, mudava o cinema– já – impondo um estilo precursor, repleto de cultura urbana e popular"; por causa “do seu olhar terno em She's Gotta Have it”, que foi uma forma de dinamitar o “estereótipo da representação da comunidade afro-americana"; por causa “desse olhar malicioso que, apesar de novos questionamentos e revoltas incessantes ao longo de quatro décadas, nunca negligencia o divertimento”.
Há dois filmes portugueses em Cannes 2021: Noite Turva, de Diogo Salgado, na competição de curtas-metragens; Diários de Otsoga de Maureen Fazendeiro e Miguel Gomes na secção Quinzena dos Realizadores.