Indultos para independentistas catalães são anunciados amanhã
Pedro Sánchez diz que a medida, criticada dentro e fora da Catalunha, é uma mensagem de “concórdia” e espera relançar o diálogo com o governo regional.
O Governo espanhol vai anunciar na terça-feira o indulto aos dirigentes independentistas catalães envolvidos no referendo de Outubro de 2017. O chefe do Governo, Pedro Sánchez, está pressionado em diversas frentes, mas está empenhado em enviar uma mensagem de “concórdia”.
Esse foi o termo que dominou o discurso de Sánchez esta manhã em Barcelona em que foi anunciada a data de formalização da concessão dos indultos aos independentistas acusados de sedição, desobediência e desvio de dinheiro público, e que estão presos há três anos e meio. “Amanhã, pensando no espírito constitucional de concórdia, irei propor ao Conselho de Ministros a concessão do indulto aos nove condenados no julgamento do procés que estão hoje na prisão”, afirmou o chefe do Governo espanhol.
A condenação de 12 antigos responsáveis governamentais, políticos e activistas que participaram na organização do referendo de 1 de Outubro de 2017 – considerado ilegal pela Justiça espanhola – tornou-se num dos temas mais controversos nas relações entre a Espanha e a Catalunha. Para muitos catalães, não só independentistas, as penas aplicadas neste caso, conhecido como procés, são demasiado pesadas e ferem direitos básicos. Ao mesmo tempo, sectores políticos espanhóis, mesmo dentro do Partido Socialista (PSOE), vêem os indultos como uma promoção da impunidade.
O cálculo do Governo espanhol passa por tentar remover um factor de recriminação em relação a Madrid, com o objectivo de relançar o diálogo com as autoridades catalãs. “O Governo optou por abrir caminho ao reencontro”, declarou Sánchez.
No entanto, a crise constitucional que se arrasta há vários anos é complexa e qualquer resolução parece ainda estar muito longe. A concessão dos indultos também não agrada a sectores mais radicais do independentismo, que convocaram uma manifestação para esta manhã na Praça da Catalunha, em Barcelona. Estes grupos reivindicam uma amnistia para os dirigentes condenados – que são vistos como “presos políticos” pelo independentismo – e não um indulto, que apenas anula o resto das penas, mas não retira a condenação.
Na manifestação desta segunda-feira, os principais alvos são os políticos independentistas que têm participado no diálogo com Madrid, considerados “traidores” por parte dos grupos mais radicais.
A assistir ao discurso de Sánchez não estava qualquer membro do governo autonómico catalão, composto por uma coligação entre partidos independentistas, nem o presidente do parlamento regional, diz o jornal La Vanguardia.