Palestina
Viver em Gaza, no meio dos escombros
Uma mulher palestiniana cozinha numa casa onde só restam os alicerces. Os pais recentes e um bebé descansam numa divisão, enquanto o quarto ao lado tem destroços espalhados por todo o chão. Na Faixa de Gaza, as cenas do dia-a-dia parecem uma montagem, depois de os ataques aéreos israelitas reduzirem as casas a escombros e deixarem famílias palestinianas desalojadas. Algumas montaram abrigos improvisados em redor dos destroços onde antes se erguia um lar, outras fazem o luto entre paredes a colapsar.
A mais recente escalada dos conflitos, em Maio, provocou 250 mortes de palestinianos na Faixa de Gaza, incluindo 66 crianças e 39 mulheres, e deixou ainda mais de 1900 pessoas feridas. Além dos danos materiais, os habitantes da Faixa de Gaza dizem que os bombardeamentos fizeram explodir uma crise de saúde mental na população, particularmente nas crianças.
A depressão e a instabilidade são as perturbações psicológicas mais comuns entre as crianças de Gaza, diz Sami Owaida, psiquiatra no local que se especializou em adolescentes. “Isto significa que não têm auto-estima. Sentem que não têm nada. Sentem-se indefesos, sem esperança, sem valor”, explica, citada pela Reuters.
Como consequência dos traumas, muitas crianças de Gaza fazem chichi nas camas durante a noite, gaguejam, têm pesadelos e recusam-se a comer. A sensação de desespero pode ser avassaladora, diz. A questão mais vezes feita: “quando começar a próxima guerra, para onde vamos?”