Tribunal russo ilegaliza grupos ligados ao opositor e activista político Navalny

UE diz que a decisão é “infundada” e acusa a Rússia de “repressão sistemática” de direitos humanos.

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Advogados dos grupos ligados a Navalny à porta do tribunal que tomou a decisão de os ilegalizar YURI KOCHETKOV/EPA

Um tribunal russo ilegalizou a Fundação Anti-Corrupção e a sede regional de campanha de Alexei Navalny na quarta-feira, depois de as declarar como “grupos extremistas”. Esta quinta-feira, a União Europeia condenou a decisão judicial, dizendo que a mesma demonstra o crescimento do autoritarismo na Rússia.

“A decisão de ontem [quarta-feira] de um tribunal de Moscovo de catalogar como ‘grupos extremistas’ as organizações do Sr. Alexei Navalny é o mais grave gesto do Governo russo, até à data, para suprimir a oposição política independente”, reagiram os 27 Estados-membros em comunicado.

“É uma decisão infundada que confirma o padrão negativo de uma repressão sistemática dos direitos humanos e das liberdades consagradas na Constituição da Rússia”, acrescentam.

A UE exige ao Presidente russo, Vladimir Putin, que liberte Navalny, e impôs sanções a vários responsáveis russos.

Navalny encontra-se preso por ter violado a liberdade condicional num caso de fraude, que nega e que diz ter “motivações políticas”. Activista político e opositor do Kremlin, tem desafiado Putin com protestos de rua e investigações de corrupção, pedindo uma mudança de liderança no país.

A decisão do tribunal moscovita é o mais recente episódio da repressão da oposição política interna e é um duro golpe para a vasta rede política que Navalny construiu nos últimos anos, uma vez que impede que os seus aliados e apoiantes concorram em eleições próximas.

O caso tinha sido apresentado à Justiça pelo principal procurador de Moscovo, que acusou Navalny e os seus aliados de tentarem fomentar uma revolução, procurando desestabilizar a situação sociopolítica na Rússia com as suas actividades.

Numa mensagem publicada no Instagram, Navalny garantiu, no entanto, que a oposição ao Kremlin vai continuar: “Não vamos a lado nenhum. Vamos digerir esta decisão, resolver as coisas, mudar e evoluir. Vamos adaptar-nos. Não vamos dar um passo atrás nos nossos objectivos e ideias. Este é o nosso país, não temos outro”.