Aberto processo de classificação da pintura Adoração dos Magos de Domingos Sequeira
Considerada a melhor obra do seu testamento artístico, a pintura do Museu Nacional de Arte Antiga fica em “vias de classificação”.
A Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) abriu um processo de classificação do quadro Adoração dos Magos, do pintor português Domingos António Sequeira (1768-1837), como bem imóvel de interesse nacional, publica esta terça-feira o Diário da República (DR). Os bens de interesse nacional, lembra o anúncio n.º 114/2021 publicado na segunda série do DR, “representam valor cultural de significado para a Nação”.
A obra de Domingos Sequeira foi pintada em 1828, possuindo o MNAA o seu desenho final, bem como vários outros preparatórios. O museu tem no seu acervo cerca de 30 obras em pintura e desenho de Sequeira, um artista que fez a transição da pintura clássica para o romantismo.
A pintura foi adquirida numa campanha pública de donativos, uma iniciativa inédita que juntou o MNAA e o jornal PÚBLICO e ficou conhecida como “Vamos Pôr o Sequeira no Lugar Certo”. Lançada em 2015, a campanha de angariação de fundos para aquisição da tela Adoração dos Magos atingiu um total de 745.623,40 euros, ultrapassando largamente os 600 mil euros necessários para a aquisição e teve como parceiros a Fuel, a RTP, a Fundação Millenium BCP e o Grupo de Amigos do MNAA. Foi a primeira campanha em Portugal de angariação de fundos para a aquisição de uma obra de arte para um museu público: contou com a contribuição de milhares de cidadãos a título individual, instituições, empresas, fundações, escolas, juntas de freguesia e câmaras municipais, cujos nomes se encontram impressos em tela, à altura da escadaria de acesso ao piso onde se encontra o quadro.
Exposto ao público no Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) desde Julho de 2016, depois de dois meses de restauro pelos técnicos da instituição, com mais sete pinturas de Domingos Sequeira, a obra foi alvo de um trabalho profundo de investigação e recuperação.
Sobre a Adoração dos Magos, escreve o museu no seu site: “No final da sua vida, Sequeira regressou a Roma, onde se dedicou a uma notável série de quatro pinturas religiosas em que esta Adoração dos Magos se insere. Constituem, todas, um verdadeiro testamento artístico, em que se expressam não apenas as suas preocupações fundamentais sobre a cor, a luz e a forma, mas também a sua busca de uma síntese entre a tradição clássica e o romantismo. Notável pela prodigiosa modelação das figuras e da luz e pela estrutura da composição, esta é talvez a mais conseguida pintura de toda a série”.
Aberto o processo hoje publicado em DR, o quadro Adoração dos Magos fica “em vias de classificação” e “a constar do inventário”.