Portugal sucumbe à maldição
Terceira final falhada deixa os sub-21 sem o troféu que teima em fugir à selecção nacional. Alemanha vinga derrota de 2019 (com a Espanha) e conquista o título europeu pela terceira vez em 12 anos.
Portugal sucumbiu de forma inglória, ao perder pela margem mínima (1-0), frente à Alemanha, falhando a conquista do título de campeão europeu que teima em escapar à selecção de sub-21, que agora soma três finais perdidas. Em Ljubljana, a Alemanha (campeã em 2009, 2017 e finalista vencida em 2019) foi mais eficaz e justificou o triunfo, sucedendo à Espanha - passa a somar mais um título europeu, o terceiro em cinco possíveis, todos conseguidos nos últimos 12 anos.
Portugal dispôs de ocasiões suficientes para escrever um final feliz, mas falhou onde os alemães triunfaram, graças a um golo de Nmecha, em tarde inspirada de Diogo Costa na baliza nacional. Ao contrário do que se verificou na meia-final, em que a Alemanha, com uma entrada fortíssima, obteve dois golos de Florian Wirtz em oito minutos, frente aos Países Baixos, os instantes iniciais da final tiveram uma história bem diferente. Depois de muito ter sofrido frente à Espanha para garantir presença no jogo decisivo, Portugal surgiu pressionante e perigoso, empurrando os alemães.
Rui Jorge optou por Florentino e Tiago Tomás, dupla que rendeu Gedson Fernandes e Rafael Leão no “onze” inicial, e, antes mesmo de Wirtz ter aproveitado um erro de Florentino para rematar ao ferro da baliza portuguesa, aos 15’, já Diogo Dalot (por duas vezes), Tiago Tomás e Dany Mota haviam colocado a defesa alemã em sentido, dando sinal de que Portugal não estava na disposição de desperdiçar a terceira oportunidade de vencer o Europeu da categoria.
A selecção nacional condicionava eficazmente a saída de jogo e toda a organização do adversário, mas não aproveitava o efeito surpresa que baralhava os planos do rival, que aos poucos conseguiu superar uma entrada tremida para começar a criar problemas aos portugueses.
Na verdade, nem Portugal nem Alemanha conseguiam impor-se de forma clara no período que se seguiu, pelo menos até Diogo Costa ter sido chamado a fazer duas intervenções determinantes numa sucessão de investidas germânicas: primeiro para travar um remate picado de Nmecha (21’) e depois um “petardo” de Maier (29’).
Portugal precisava de recuperar a dinâmica inicial, o que poderia ter conseguido à entrada dos últimos cinco minutos da primeira parte, quando Diogo Dalot, com um passe longo, descobriu Fábio Vieira na “carreira de tiro”. O médio dominou e por muito pouco não bateu Dahmen. Os alemães terminariam, aliás, os primeiros 45 minutos na iminência de verem Portugal adiantar-se já em pleno período de compensação, quando Vitinha, isolado por Dany Mota, surgiu na área em posição privilegiada para marcar e recolher aos balneários em vantagem. Porém, a decisão não foi a melhor: o médio perdeu-se em dribles sobre Maier antes de soltar a bola ainda a tempo de Tiago Tomás poder bater para o fundo da baliza, o que não resultou, porque o avançado não dominou a bola.
No recomeço, Rui Jorge fez entrar Rafael Leão, preterindo Dany Mota, que depois de uma entrada forte foi perdendo protagonismo. O que o seleccionador português não esperava era o golo da Alemanha praticamente a abrir a segunda parte, com Baku a solicitar a entrada de Lukas Nmecha, livre de marcação, para desespero de Diogo Costa (49’).
Portugal respondeu de imediato por Fábio Vieira, mas a possibilidade de chegar ao empate esbarrou no corpo de Schlotterbeck. Insistiu Fábio Vieira, com um chapéu da linha de meio-campo que obrigou o guarda-redes alemão a defesa apertada. Portugal lançava Jota e Francisco Conceição, que se tornava o português mais jovem a actuar pelos sub-21 numa final, passando a actuar em 4x3x3, com os dois extremos destacados para servirem Rafael Leão.
Com o tempo a esfumar-se, Portugal não encontrava soluções para evitar um destino que se apresentava cada vez mais real e cruel, acabando por manter a compostura graças a duas intervenções de Diogo Costa, na sequência de duas transições germânicas a explorarem o balanceamento luso e a precipitação de Florentino, algo desconcentrado. Portugal arriscava tudo e apostava em Gonçalo Ramos, sacrificando um defesa. Em vão, já que a maldição foi mais forte.