Maior icebergue do momento soltou-se de plataforma de gelo na Antárctida
O icebergue, denominado A-76, tem 4320 quilómetros quadrados, sendo maior do que a área do distrito de Coimbra.
O maior icebergue do momento desprendeu-se da plataforma de gelo Roone, no Noroeste da Antárctida, informou a Agência Espacial Europeia (ESA) e noticia esta quarta-feira a agência Efe, referindo imagens de satélite. Trata-se de uma massa de gelo de 4320 quilómetros quadrados – o que é maior do que o distrito de Coimbra, com quase 4000 quilómetros quadrados –, segundo as imagens de satélite capturadas por um satélite da missão Copérnico.
O icebergue, denominado A-76, tem um comprimento de 170 quilómetros e uma largura de 25 quilómetros, com uma superfície total de 4320 quilómetros quadrados, face aos 3640 quilómetros quadrados da ilha de Maiorca, segundo destaca a Agência Espacial Europeia (ESA). É o maior icebergue do mundo no momento, um posto até agora detido pelo A-23A, com cerca de 3880 quilómetros quadrados. É também bem maior do que o icebergue A-74 que tinha 1270 quilómetros quadrados quando se libertou da plataforma Brunt, em Fevereiro.
A grande massa flutuante no mar de Weddell foi detectada pelo satélite Sentinela-1, da missão Copérnico, formada por dois satélites de órbita polar, que observam a Antárctida, incluindo as regiões mais remotas, durante todo o ano. Este icebergue foi avistado pelo British Antarctic Survey e confirmado pelo Centro Nacional de Dados sobre Neve e Gelo dos Estados Unidos através de imagens do Sentinela-1.
A denominação dos icebergues faz-se a partir do quadrante antárctico em que são vistos originalmente, seguindo-se uma letra sequencial. Se posteriormente a massa de gelo se partir, como por vezes acontece, cada pedaço acrescenta ao nome uma letra sequencial.
E porque se soltou o A-76? Haverá uma ligação com as alterações climáticas? Por agora, ainda não se fez essa ligação. “A área [onde se desprendeu] não é uma área que esteja a passar por qualquer mudança significativa por causa do aquecimento global. A mensagem principal é que faz parte do ciclo natural”, disse Alex Brisbourne, cientista do British Antarctic Survey, ao site da revista New Scientist.
Embora este seja o maior icebergue do momento, não está entre os dez maiores de que se tem registo. “Num grande contexto, este não é gigantesco”, referiu à mesma revista Mark Drinkwater, da ESA. Por exemplo, em 2000, o icebergue B-15, que tinha cerca de 11 mil quilómetros quadrados, soltou-se da plataforma de gelo de Ross, na Antárctida.
Mesmo assim, dependendo da sua trajectória, pode ter um impacto significativo. “É grande o suficiente para influenciar o oceano e a sua salinidade. Dependendo da trajectória, pode ser tão significativo como o A-68a”, avisa Alex Brisbourne. No ano passado, o icebergue A-68a ainda ameaçou embater com a ilha de Geórgia do Sul, o que acabou por não acontecer porque se partiu.