Fotografia

Porque um cão também é família, Mariana fotografa (e conta as histórias) dos da sua vizinhança

Mariana Sabido
Fotogaleria
Mariana Sabido

O que é uma família? “Para algumas pessoas, o cão é a família.” Foi para mostrar isso mesmo — e sublinhar que a família “não precisa de ser uma coisa tradicional” —, que Mariana Sabido criou o My Neighbourhood Dogs. Como o nome desvenda, o projecto fotográfico foca-se nos cães da vizinhança, e nasceu em Outubro de 2020: “Costumo ir passear o meu cão ao pé de casa e comecei a reparar em todos os donos e cães que havia aqui à volta. Comecei a pensar porque é que as pessoas tinham escolhido aquele cão, a ver que havia cães parecidos com os donos, a pensar como seria a vida daquelas famílias”, conta a fotógrafa ao P3. Decidiu perguntar-lhes.

Foi assim que começou a entrar nas casas dos vizinhos — na zona da Lapa, Estrela, Santos, São Bento, Infante Santo e Praça das Flores, em Lisboa —, de câmara na mão, para os captar junto dos seus animais de estimação. Fotógrafa de profissão, e habituada a captar famílias, desafiou-se, “de forma criativa, a fazer uma coisa nova”. Os encontros são casuais — “normalmente cruzo-me com as pessoas na rua e acabo por dar um cartão” — e as fotografias são captadas na casa de cada família. Afinal, “a casa diz muito sobre as pessoas”.

A acompanhar os retratos, Mariana coloca três perguntas: “Porquê o nome do cão, porque foram buscá-lo, o que ele mudou na vida das pessoas.” E é assim que descobre as histórias de cada um — e que as dá a conhecer ao bairro. “As pessoas todas aqui da zona conhecem os cães, reconhecem-nos nas fotografias e ficam a saber um pouco mais da história. Acaba por haver uma ligação entre as pessoas”, refere. O My Neighbourhood Dogs quer também dar a todos, independentemente do estrato social, a possibilidade de serem fotografados com os seus animais. “Há o cão de raça que a família vai buscar ao outro lado do mundo porque era mesmo aquele que queria, e há o cão adoptado”, conta a fotógrafa de 39 anos. Todos têm espaço no projecto porque, para os habitantes do bairro — pessoas de vários pontos do país e até de outros países —, a sessão é gratuita.

Mariana ainda não sabe até quando vai manter o projecto. Gostava de, pelo menos, continuar com ele por um ano. Uma exposição e um livro de mesa são possibilidades que lhe agradam. Para já, vai contando as histórias destas famílias no Instagram do projecto e no seu site pessoal. E vale a pena conhecê-las.

Mariana Sabido
Mariana Sabido
Mariana Sabido
Mariana Sabido
Mariana Sabido
Mariana Sabido
Mariana Sabido
Mariana Sabido
Mariana Sabido
Mariana Sabido
Mariana Sabido
Mariana Sabido
Mariana Sabido
Mariana Sabido
Mariana Sabido
Mariana Sabido