Arquitectura
Há no Troviscal uma casa da cor do céu “para perdurar no tempo”
Fica na vila do Troviscal, em Oliveira do Bairro, uma casa feita de arcos, com um jardim adornado de árvores e uma forma "térrea, esbelta". Provavelmente construída nos anos 1940/50, mesmo antes de ser renovada era já “bastante exuberante, com uma estrutura muito espraiada e sólida”, descreve ao P3 Ricardo Senos, um dos arquitectos do atelier M2.senos.
Em conjunto com a irmã, Sofia Senos, tomou em mãos o plano de renovar e ampliar a casa, “sem ferir” o desenho original. Longe de ser um projecto arquitectónico “intocável” ao mesmo tempo que tinha “alguma personalidade”, a moradia apresentava também “alguns tiques decorativos banais”, explica a arquitecta ao P3. O desafio punha-se em definir que estruturas manter e quais remover, tendo sempre em mente a harmonia do espaço.
Protegida por portões que lembram uma manta de renda, uma “malha cromática e com textura”, de frente para a zona rural onde fica situada, está a casa-mãe, aqui fotografada pela dupla do mal o menos. Quem passa, vê um jardim com árvores antigas e uma escadaria que leva a um pitoresco hall exterior em arco que remonta à época de construção. Na larga moradia havia já uma “boa cozinha e uma sala monumental, que [revelava] quase uma preocupação estética”, conta Ricardo Senos.
Com uma estrutura que se “dilui” no restante edifício, a ampliação da parte de trás da casa alberga três quartos com arcos na fachada. “Não por mimetismo, mas por interpretação”, o desenho da pérgula, uma espécie de sala exterior, repete o desenho da sala de estar, revela Sofia Senos. Dentro desta zona contínua, que liga a garagem ao alpendre, há agora um jardim campestre que domestica o espaço verde outrora “selvagem e anárquico”.
Este espaço novo que se confunde com o antigo na cor e na forma é apenas identificado como tal quando visto de cima, já que não tem o tradicional telhado de telhas. Todo em tons de azul-claro, o projecto define-se por uma estabilidade estética capaz de “perdurar no tempo”. Para a arquitecta, esta casa da cor do céu, que se ergue do verde que cresce no chão, é capaz de “transmitir um ambiente um bocado celestial”.
Texto editado por Amanda Ribeiro