Fotografia
Vasco captura periquitos-de-colar nos jardins de Lisboa, de lente apontada ao céu
Entre aulas de Fotografia e treinos da selecção nacional de pentatlo moderno, Vasco Coelho captura os pequenos periquitos-de-colar verdes e estridentes que sobrevoam os jardins da capital, e alerta para a conservação da biodiversidade portuguesa.
Desde os nove anos que procura, de olhos postos no céu de Lisboa, os periquitos-de-colar verdes e estridentes que sobrevoam a cidade ao pôr-do-sol. Inspirado pelo avô, apaixonado por aves, e pelo pai, geofísico e experiente em fotografia subaquática, Vasco Coelho pegou na câmara por diversão, em 2016, e ainda não parou de disparar. Aos 20 anos, estuda para se tornar fotógrafo de vida selvagem.
Vasco recorda-se de ficar, desde sempre, fascinado por aves exóticas. Por isso, quando começou a fotografar, foi natural escolher o periquito-de-colar como modelo. Demorou dois anos a perceber como chegar perto dos pássaros, a ganhar a sua confiança, até conseguir, diz, “uma fotografia como deve ser”, um periquito a comer uma romã, que lhe valeu um prémio numa revista inglesa de fotografia de vida selvagem.
Pensa-se que estes animais exóticos terão fugido de cativeiro ou de alguns jardins zoológicos, mas não se sabe, ao certo, como viajaram da Índia e da África Subsariana até Lisboa. Rafael Matias, autor do livro Aves de Portugal também considera a hipótese de “introdução deliberada”. No final do século passado, a ave era “muito popular nas lojas de animais”, disse, em 2011, em entrevista ao PÚBLICO. Hoje já é, por alguns, considerada uma praga.
“O meu maior objectivo é mostrar estes animais às pessoas, fazer com que se apaixonem pelo que não conhecem, para que protejam a espécie com pequenos gestos”, explica Vasco Coelho, em conversa com o P3. O estudante de 20 anos alia a fotografia ao interesse pela conservação da biodiversidade portuguesa, além de praticar cinco desportos. É atleta da selecção nacional de pentatlo moderno, treina esgrima, equitação, corrida, tiro e natação. “Nunca tive muito tempo para a fotografia porque treino cinco horas por dia. Sempre apontei para os Jogos Olímpicos, trabalho para isso, mas não sinto que seja a minha profissão ou obrigação. Enquanto me divertir, continuo.”
Vasco imagina-se, antes de percorrer continentes para fotografar tigres e leões, a trabalhar em Portugal. “Neste momento, quanto mais aves conseguir fotografar melhor. No futuro, gostaria de fotografar o lobo ibérico, uma espécie em perigo no nosso país. Talvez, um dia, vá um ou dois meses para o Gerês."