Exposição
As mãos de André já não pegam na câmara, mas o Lisboeta Italiano imortalizou-as
As mãos de André Andrade deixaram marcas nas fotografias que assinava como Lisboeta Italiano. “Ele tinha umas mãos lindas”, relembra Pedro Cadilhe. Muitas vezes, enquanto uma agarrava na câmara, a outra segurou uma rosa, pressionou um pescoço, levantou o queixo de um homem.
Foi nelas que Pedro primeiro pensou para uma exposição de homenagem ao jovem fotógrafo lisboeta, que teve uma paragem cardiorrespiratória e morreu aos 25 anos, no último dia de Fevereiro. “É uma maneira do André também estar presente na exposição, não só pelo olhar dele, mas também fisicamente”, explica o enfermeiro e fotógrafo, cujo “melhor amigo saiu para uma caminhada e não voltou à casa cheia de plantas” dos dois, no Porto.
Nos últimos dias, Pedro Cadilhe, a outra metade do Colectivo Prometeu, tem “catalogado e arquivado as histórias eternizadas em negativos de 35 milímetros”. “Nunca na vida encontrei alguém com quem pudesse falar sobre fotografia e que não se aborrecesse. Senti que agora tenho a missão de preservar a imagem dele”, diz.
Na semana em que André Andrade faria 26 anos, o Espaço Santa Catarina, em Lisboa, volta a expor momentos de partilha com amigos, desconhecidos ou amantes do Lisboeta Italiano. Os retratos analógicos de desejo e celebração, legados pela família, vão estar à venda online e durante a exposição, de 15 a 22 de Abril.
O valor angariado com a venda das fotografias ajudará a família a comprar um jazigo. “Uma das coisas que gostava de lhe dar, uma última prenda de anos, era uma lápide com uma planta encaixada, para que ele tivesse uma lápide viva e a planta fosse crescendo.” As mãos do André, “pelos olhos do Lisboeta Italiano”, deverá depois seguir para o Porto, ainda em datas a definir.