Egipto: arqueólogos descobrem cidade do tempo dos faraós perto de Luxor
Cidade foi construída há mais de 3400 anos durante o reinado de Amenhotep III, um dos faraós mais poderosos do Egipto. Equipa encontrou casas com paredes quase completas e quartos cheios de ferramentas da vida diária.
Uma equipa de arqueólogos descobriu uma grande e antiga cidade que permaneceu oculta durante séculos perto de alguns dos monumentos mais conhecidos do Egipto. “Muitas missões estrangeiras procuraram esta cidade e nunca a encontraram”, disse o ex-ministro egípcio das Antiguidades, Zahi Hawass, ao anunciar que a missão “nacional” descobriu uma cidade perdida nas areias de Luxor que recebeu o nome de A Ascensão de Aton, segundo escreve o jornal espanhol ABC.
A cidade foi construída há mais de 3400 anos durante o reinado de Amenhotep III, um dos faraós mais poderosos do Egipto, disse à agência Reuters o famoso arqueólogo egípcio que supervisionou as escavações, Zahi Hawass. O longo reinado de Amenhotep durou cerca de 40 anos e correspondeu a uma era de paz, prosperidade e de esplendor artístico no Antigo Egipto. Estima-se que governou o império entre 1391 e 1353 a.C..
Inicialmente, a equipa começou uma busca por um templo mortuário perto de Luxor em Setembro, mas, passadas algumas semanas, acabou por encontrar formações de tijolos de lama que se estendiam em várias direcções.
Os arqueólogos acabaram por desenterrar uma cidade bem preservada: as casas tinham paredes quase completas, havia quartos cheios de ferramentas da vida diária, juntamente com anéis, escaravelhos, vasos de cerâmica colorida e tijolos de barro com os selos que representavam o reinado de Amenhotep.
“As ruas da cidade são ladeadas por casas, algumas das paredes chegam aos três metros de altura”, disse Hawass.
As escavações ficam em Luxor, perto dos Colossos de Memnon e dos templos de Medinet Habu e de Ramesseum, ou do templo mortuário do Rei Ramsés II, não muito longe do Vale dos Reis. “Esta é uma descoberta muito importante”, disse Peter Lacovara, director do Fundo de Arqueologia e Património do Egipto Antigo, com sede nos Estados Unidos, à Reuters, que acrescentou que o estado de preservação e a quantidade de objectos do quotidiano fazem lembrar outra escavação famosa.
“É uma espécie de Pompeia egípcia antiga. A descoberta mostra a necessidade crítica de preservar esta área como um parque arqueológico”, disse Lacovara, que trabalhou na área do palácio Malqata durante mais de 20 anos, mas que não participou nas escavações.
A cidade permaneceu em funcionamento durante os reinados seguintes, tanto do filho do faraó e futuro herdeiro do trono, Amenotep IV (Akhenaton), com quem compartilhou os últimos oito anos de reinado, como do sucessor, Tutankhamon.
O local contém um grande número de fornos para fazer vidro e faiança (tipo de cerâmica), juntamente com destroços de milhares de estátuas, disse Betsy Bryan, que se debruçou durante anos no estudo do reinado de Amenhotep III. "É a segunda descoberta mais importante desde o túmulo de Tutankhamon”, disse, citada pelo jornal espanhol.
“Localizar os centros de manufactura já revela muitos detalhes sobre como os egípcios, debaixo do reinado rico de Amenhotep III, faziam o que faziam. A descoberta vai dar-nos material de estudo para muitos anos”, acrescentou.
De acordo com Brian, a cidade não só revelará como os antigos egípcios viviam numa época em que “o império estava no seu auge”, mas também pode ajudar a deslindar “um dos maiores mistérios do mundo": o porquê de Akhenaton e a rainha Nefertiti terem decidido mudar-se para Amarna, região onde a nova capital imperial foi construída no século XVI a.C..
A cidade estende-se a oeste até uma antiga vila de trabalhadores que, de acordo com referências históricas, incluía três dos palácios de Amenhotep III e o centro administrativo e industrial do império, disse ainda Hawass, responsável pela descoberta.