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Resiliência: o mote da “cidade moribunda” em Itália que está em risco de colapso
Auto-intitular-se “cidade moribunda” pode não parecer a melhor forma de atrair visitantes, mas a Civita aprendeu a ganhar a vida... com a morte. Em sentido contrário a Veneza e outros destinos turísticos em Itália, a cidade medieval a 120 quilómetros de Roma quis atrair turistas com um chamariz difícil de resistir: em poucos anos, poderá colapsar e desaparecer.
Há séculos, a cidade era muito maior e ligada por estrada a outras povoações. Deslizamentos de terra, terramotos, fendas e a erosão reduziram drasticamente o seu tamanho e deixaram-na espectacularmente sozinha no topo de um esporão. Quando as nuvens estão baixas, Civita parece um castelo a flutuar. Num dia claro, a rocha sobre a qual repousa assemelha-se a um bolo multi-camadas.
Resistiu durante tanto tempo à morte definitiva que Itália nomeou a cidade e área circundante de penhascos e vales a Património Mundial da UNESCO. “O nosso lema é resiliência porque Civita foi fundada pelos Etruscos, passou pela era romana e por todo o período medieval para chegar aos dias de hoje”, conta Luca Profili, 32 anos, presidente da câmara de Bagnoregio, da qual Civita faz parte.
Nas cavernas subterrâneas de rocha vulcânica macia, conhecida como tufo, traves de aço mantêm as paredes unidas. “Durante três milénios, a erosão regressiva reduziu praticamente a Civita a um núcleo, deixando a praça e algumas ruas à sua volta”, explica Luca Costantini, 49 anos, geólogo que faz parte do projecto para monitorizar e abrandar a erosão.
“Este lugar é tão frágil”, resume. A Civita que hoje resta é maioritariamente do período medieval e mede cerca de 152 metros por 91, menos de dois campos de futebol. A praça principal tem aproximadamente o tamanho de um campo de basquetebol.
Antes da pandemia, Civita era uma atracção para turistas que viajavam entre Roma e Florença. Sinais rodoviários direccionam os visitantes para “Civita - A Cidade Moribunda”, com cerca de dez a 14 residentes, dependendo da estação do ano.
Stefano Lucarini, 29 anos, comprou um restaurante em Março de 2020, poucos dias antes do primeiro confinamento. “O timing não foi óptimo”, brinca. Mas está optimista que, depois da pandemia, a cidade poderá voltar a pôr-se de pé. Durante mais uns bons anos.