Sabe como se chama a queijeira que faz o seu queijo Serra da Estrela preferido?
Pois, já imaginávamos a resposta. É por estas e por outras que nasce o projecto Queijeiras - para dignificar e reconhecer as mulheres que fazem o grande queijo português (sem ofensa ao pessoal de São Jorge).
Um consumidor esclarecido conhece os enólogos dos seus vinhos favoritos, vai a certos restaurantes porque aprecia o trabalho do cozinheiro e é capaz de fazer um desvio considerável para comprar pão de fermentação lenta de um qualquer padeiro que aparece na televisão. Já o “gastro-chato” é aquele picuinhas que decompõe um vinho ou um prato como o doutor Pedro Simas decompõe o Sars-CoV-2 (a nota de baunilha no vinho por causa das aduelas de carvalho de uma floresta eslovena, um citrino asiático aqui, um pickle polaco ali ou a folha de mostarda de uma produtora de uma agricultora biológica que só cultiva em terrenos de areia). Há gente para tudo. Mas se a uns e a outros perguntarmos pelo nome - um que seja - de uma queijeira da serra da Estrela, podemos ouvir uma resposta torta porque, como é evidente, isso não interessa nada. É uma queijeira, ponto. Que raio de pergunta! Os portugueses têm um justificado orgulho na sua gastronomia, mas, por vezes, acham que alguns produtos de excelência são como os polvos: nascem órfãos. (O polvo macho, quando fecunda a fêmea, morre pouco tempo depois. E a fêmea, quando os ovos eclodem, morre por esgotamento físico - é o que dá cuidar de 100 mil ou 500 mil ovos.)
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