Há um novo queijo velho açoriano: chegou o São Miguel com 36 meses de cura
A Lactaçores lançou uma versão mais envelhecida do queijo São Miguel a pensar na época da Páscoa. O produto é uma edição limitada, mas se a aceitação for boa poderá passar a ser comercializado regularmente.
Velho, intenso e limitado ao stock existente – pelo menos para já. Há um novo queijo açoriano, natural da ilha de São Miguel, com 36 meses de cura. São três anos de uma cura prolongada que origina um sabor intenso. Por isso, fica o alerta: é um produto destinado aos “verdadeiros amantes de queijo”.
“É um queijo de edição limitada. Prolongámos a cura até aos 36 meses, fizemos as provas cegas e foi uma agradável surpresa. Decidimos lançar para ver a adesão dos clientes”, explica à Fugas Pedro Tavares, presidente do conselho de administração da Lactaçores, a cooperativa de lacticínios dos Açores.
Nasceu assim o queijo da ilha de São Miguel com 36 meses. Um queijo com um sabor e aroma fortes e ligeiramente picante. É destinado a “quem aprecia o sabor de um queijo mais intenso”. Uma intensidade que deve ser regada com um “bom vinho”. “Para quem aprecia vinhos, será difícil encontrar um par melhor. É bastante intenso, por isso nada melhor do que acompanhar com um bom vinho”, reforça.
A edição é “premium” e, até ver, limitada. Pedro Tavares não avança com o número de produtos disponíveis, mas realça que, no caso de a aceitação ser positiva, o queijo poderá passar a ser uma presença constante nos supermercados. “Neste momento a edição é limitada, mas vamos ver a reacção do consumidor e se o produto tiver procura e boa aceitação, o que acreditamos que sim, vamos avançar com mais produção.”
A intenção da Lactaçores é que o queijo fique disponível até ao final do mês nas grandes superfícies por todo o país, mesmo que em “pequenas quantidades”. “O lançamento do queijo foi pensado para chegar a tempo da Páscoa”, explica, referindo que a pandemia da covid-19 também “dificulta e atrasa” o processo de pôr novos produtos no mercado. Como as negociações com as superfícies ainda estão a decorrer, o presidente da Lactaçores não quer entrar em detalhes sobre o preço.
Uma aposta na diferenciação
Na origem do São Miguel com 36 meses de cura está o lançamento, há seis meses, de uma edição do mesmo queijo com cura de 18 meses. “Na altura a aceitação foi excelente, pelo que decidimos lançar este agora com 36 meses.”
Agora, a propósito do lançamento da nova edição, houve quem tecesse comparações com o afamado queijo da ilha de São Jorge. A cura de 36 meses é para lhe fazer concorrência? “Não, são diferentes, é um queijo de leite pasteurizado e quando estamos a falar do queijo de São Jorge é um queijo de leite cru. Não têm nada a ver um com o outro”, responde Pedro Tavares. Contudo, a política adjacente à criação de um produto premium é para ser desenvolvida nos próximos anos. O objectivo passa por apostar em nichos de mercado através de produtos de “excelência”. “Ao nível dos lacticínios da região, não estamos aqui para competir porque somos uma gota no oceano mundial e europeu”, afirma, acrescentando que a aposta nos produtos açorianos não pode ser feita pela quantidade, mas sim pela “diferenciação”.
Por isso, a intenção passa por lançar mais produtos que possam “trazer valor à cadeia toda”, mas tendo a consciência de que os Açores já produzem 650 milhões de leite cru por ano (dados de 2020), uma quantidade “impossível” de ser “toda transformada em produtos de valor acrescentado”. “Só a nossa fábrica recolhe perto de 200 milhões de leite. É impensável termos isso tudo em produtos premium, mas a nossa intenção é ir sempre juntando produtos de valor acrescentando para ter o máximo de diversificação possível.” No final, o objectivo parece simples: “Ter o máximo de diversificação para satisfazer todos os gostos e todos os bolsos”.