Atrás do recurso, advogados de Johnny Depp argumentam que deliberação do primeiro julgamento é “claramente errada”

No pedido entregue ao Tribunal de Recurso, os causídicos argumentam que o juiz “aceitou sem qualquer crítica” o que Amber tinha para contar, ao mesmo tempo que recusou provas que poderiam ter “arruinado a sua credibilidade”.

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Reuters/TOBY MELVILLE

Johnny Depp interpôs uma acção de difamação caluniosa contra o The Sun por o tablóide ter publicado um artigo em que rotulava o actor de “espancador da mulher”. A deliberação chegou em Novembro do ano passado: um juiz do Supremo Tribunal de Londres, Andrew Nicol, decidiu contra Depp, argumentando que, durante o processo, tinha ficado provado que a estrela da saga Piratas das Caraíbas agrediu repetidamente a ex-mulher, a actriz Amber Heard, que chegou a temer pela sua vida, concluindo assim que as alegações do jornal eram “substancialmente verdadeiras”.

O eterno Eduardo Mãos de Tesoura, porém, não se deu por satisfeito com a decisão e, com a carreira em queda livre, optou por anunciar que ia recorrer do veredicto.

O caso foi apresentado, nesta quinta-feira, ao Tribunal de Recurso inglês, com os advogados de Depp a afirmarem que a decisão do Supremo Tribunal de Londres estava “claramente errada”, argumentando que o juiz “não examinou as provas e os argumentos com o cuidado que as partes tinham o direito de esperar e que uma resolução adequada das questões exigia”.

"O acórdão está manifestamente errado e a consequente decisão a favor dos inquiridos é manifestamente inadequada", expuseram os advogados numa declaração escrita, citada pela Reuters.

Durante as audiências, que decorreram no último Verão, Amber contou que Depp se transformava num “monstro” quando sob o efeito de drogas e álcool, tendo muitas vezes ameaçado matá-la — a actriz reviu em detalhe 14 ocasiões de extrema violência, em que acusou o actor de a ter asfixiado, esmurrado, esbofeteado, estrangulado e pontapeado.

Depp refutou as acusações, afirmando que nunca tinha sido violento para com a sua ex-mulher, que apelidou de sociopata: “Essas alegações doentias são completamente falsas.”

No entanto, das 14 situações descritas, o juiz aceitou 12 relatos como credíveis. Decisões que, acusam os advogados de Depp, não foram apoiadas por uma “análise fundamentada em provas", mas apenas por testemunho.

Os causídicos argumentam ainda que o juiz “aceitou sem qualquer crítica” o que Amber tinha para contar, ao mesmo tempo que recusou provas que poderiam ter “arruinado a sua credibilidade”. Entre essas estão documentos que mostram que, ao contrário do testemunhado pela actriz, os sete milhões de dólares (5,87 milhões de euros) resultantes do acordo de divórcio dos dois nunca foram entregues a instituições de beneficência.

Os advogados do News Group Newspapers, grupo editorial em que o The Sun se insere, argumentaram, por escrito, que não havia fundamentos para um recurso. “É evidente pelo detalhado julgamento que não há base para concluir que o juiz não examinou as provas ou não apresentou razões para as suas conclusões”, citou a Reuters.

No rescaldo da deliberação do tribunal londrino, Johnny Depp viu o seu nome afastado do elenco de Monstros Fantásticos 3 — ainda que o cachet não tenha sido comprometido, dadas as cláusulas do seu contrato — e da série televisiva sobre o famoso ilusionista Harry Houdini, produzida por Jerry Bruckheimer. Além disso, a decisão em solo britânico compromete outro caso judicial que o opõe à ex-mulher, que acusa de difamação no seguimento de um artigo de opinião que a actriz escreveu no The Washington Post, em Dezembro de 2018.

A decisão de um novo julgamento para rever a sentença do juiz Andrew Nicol, porém, não será imediata: “Não vamos chegar a uma decisão hoje, mas tomá-la-emos muito em breve e ela será transmitida por escrito”, declarou o lorde Nicholas Underhill, juiz do Tribunal de Recurso do Reino Unido.

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