Vaticano proíbe padres de abençoar uniões do mesmo sexo
Papa Francisco concordou com a decisão, disse órgão do Vaticano responsável pela deliberação. Em alguns países, padres “abençoam” união, em lugar do casamento.
O Vaticano revelou nesta segunda-feira que os padres e outros responsáveis da Igreja Católica não podem aprovar uniões de casais do mesmo sexo, e que essas “bênçãos” não são permitidas. Esta deliberação surge como resposta às práticas em alguns países — tais como os Estados Unidos e a Alemanha — onde paróquias e padres começaram a “abençoar” estas uniões entre casais do mesmo sexo como uma alternativa ao casamento, bem como a pedidos feitos a bispos para institucionalizar estas práticas.
Em resposta às questões formais colocadas por um conjunto de dioceses, que se interrogavam sobre a legitimidade destas “bênçãos”, o escritório doutrinal do Vaticano, a Congregação para a Doutrina da Fé (CDF), emitiu o juízo: “Negativo.”
O Papa Francisco aprovou esta resposta, adiantou a CDF, acrescentando que esta decisão não tem como objectivo “ser uma forma injusta de discriminação, mas uma lembrança da verdade no ritual litúrgico”.
Este órgão avança que estas bênçãos não são permitidas, apesar de serem “motivadas por um desejo sincero de receber e acompanhar as pessoas homossexuais” e ajudá-las a crescer na fé. O documento da CDF afirma que, pelo facto de o casamento entre homem e mulher ser um sacramento e as bênçãos estarem relacionadas com o sacramento do casamento, não podiam ser alargadas a casais do mesmo sexo.
“Por esta razão, não é lícito transmitir uma bênção nos relacionamentos, ou uniões de facto, mesmo que estáveis, que envolvam actividade sexual fora do casamento (por exemplo, fora da união indissolúvel e aberta à transmissão de vida entre homem e mulher), como é o caso da união de pessoas do mesmo sexo”, podia ler-se na nota.
Em Outubro do ano passado, o Papa Francisco defendeu a regulação do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo, considerando que os “homossexuais têm direito a fazer parte de uma família”. As declarações do Sumo Pontífice foram vistas como um distanciamento mais forte face ao posicionamento tradicional do Vaticano sobre esta matéria, bem como uma manifestação de apoio aos direitos da comunidade LGBT.
A Igreja Católica romana tem 1,3 mil milhões de fiéis.