Oposição paquistanesa acusa o Governo de instalar câmaras secretas para vigiar eleição no Senado

Sadiq Sanjrani, candidato do primeiro-ministro, foi eleito presidente do Senado paquistanês

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Apoiantes de Sadiq Sanjrani, candidato a Presidente do Senado do partido do actual primeiro-ministro, celebram a sua vitória. SOHAIL SHAHZAD/Epa

A oposição paquistanesa acusou o Governo do primeiro-ministro Imran Khan de colocar câmaras escondidas durante as eleições desta sexta-feira para a liderança do Senado. As eleições terminaram com a vitória de Sadiq Sanjrani, candidato proposto pelo líder do Governo, que suplantou o ex-primeiro-ministro Yusuf Reza Gilani, candidato da oposição.

A eleição esteve marcada por acusações de compra de votos e de falta de transparência vindas de ambos os lados, depois de meses de contestação a Khan.

A acusação mais recente, nesta sexta-feira, foi feita pelos senadores Musadik Malik, da Liga Muçulmana do Paquistão-N (PML-N), do antigo primeiro-ministro Nawaz Sharif, inimigo irreconciliável de Khan, e Mustafa Nawaz Jokar, do Partido Popular do Paquistão (PPP).

Ambos os partidos fazem parte da grande aliança opositora do Movimento Democrático do Paquistão (MDP), determinado a expulsar Khan do poder, a quem acusam de ser apenas um pau mandado das poderosas forças armadas do país.

Nas suas contas de Twitter, os dois senadores denunciaram o incidente, publicando imagens de câmaras em miniatura fixadas com fita adesiva por trás de uma televisão. “Isto é uma vergonha. Adeus democracia”, denunciou Malik. O seu colega do PPP partilhou imagens de uma câmara instalada sobre uma cabine de voto.

Os dois senadores tiveram depois uma conversa com o chefe de segurança do secretariado do Senado, a quem responsabilizaram pessoalmente pela preservação das imagens em circuito fechado da câmara com o propósito de encontrar os culpados.

O Governo reconheceu, por seu lado, reconheceu a existência das câmaras, mas acusou a oposição de as lá ter colocado para “orquestrar um drama”, segundo as palavras do ministro da Informação, Shibli Faraz.

“Vamos assegurar que este incidente seja minuciosamente investigado”, acrescentou, antes de sugerir que os responsáveis poderiam ser apoiantes do PPP que ainda estivessem a trabalhar no Senado. “Vamos expor quem são estes agentes do PPP e PML-N”, afirmou o ministro, em declarações ao canal de notícias paquistanês GEO TV.

Faraz acusou também os dois senadores de conspirarem numa operação “tipo James Bond 007” e recordou que a oposição rejeitara todas as ofertas do governo para realizar uma votação aberta. “Eles fazem parte dos defensores do voto secreto, das tácticas ilícitas e das conspirações”, reprovou o ministro.

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