Benfica: um trampolim europeu para o que resta da época
Em tempo de crise, o Benfica está em Atenas para jogar a continuidade na Liga Europa frente ao Arsenal na segunda mão dos 16 avos-de-final, depois de um empate (1-1) no primeiro jogo.
Com os seus horizontes competitivos a ficarem mais curtos a cada semana que passa, o Benfica joga esta quinta-feira em Atenas a sua continuidade na Liga Europa, defrontando o Arsenal na sua casa grega emprestada na segunda mão dos 16 avos-de-final (17h55, SIC), e com a missão de anular o empate (1-1) “caseiro” – em Roma – no jogo da primeira mão. E este é um confronto que, da forma como as coisas estão, pode ser de grande significado desportivo e emocional para o que resta de uma temporada que tem andado muito abaixo das expectativas de todos, pela forma como foi lançada e o investimento que teve, nunca visto no futebol português.
Entre o início de Agosto do ano passado, em que foi apresentado, e a actualidade, Jorge Jesus passou de “vamos arrasar” e “jogar o triplo” para “a culpa foi da covid-19” e tem sido esse o discurso do técnico benfiquista nos últimos tempos em que o Benfica ganhou apenas cinco dos 14 jogos que realizou em 2021. E sim, as “águias” sofreram com um surto do novo coronavírus, com a grande maioria dos “positivos” a surgirem durante o mês de Janeiro, incluindo o próprio Jesus e o presidente Luís Filipe Vieira, mas isso não explica a entrada falhada na Liga dos Campeões, a derrota na Supertaça, ou as derrotas para o campeonato em Novembro.
Com o atraso que o Benfica leva no campeonato (está em quarto, a 15 pontos do líder Sporting), e tendo falhado igualmente na Taça da Liga, a Taça de Portugal e a Liga Europa são as hipóteses mais credíveis para conquistar alguma coisa numa época em que superou os 100 milhões de euros de investimento no futebol. Com a presença na final da Taça bem encaminhada (1-3 ao Estoril na primeira mão da meias-finais), os “encarnados” têm uma tarefa mais complicada para continuarem na Liga Europa perante um Arsenal que pode não estar nos seus melhores momentos, mas que é sempre uma equipa habituada a estar nos primeiros na Premier League inglesa. E tem jogadores que podem fazer a diferença, como Lacazette ou Aubameyang.
O empate com golos em Roma deixou o Benfica numa posição difícil, obrigando Jesus a arriscar um pouco mais em termos ofensivos, ao contrário do que aconteceu na primeira mão e do que tem acontecido nos últimos jogos – Jesus queixou-se mesmo de lhe faltar um homem para meter a bola na baliza. Mas tem, pelo menos, um dado a seu favor, a sua própria história com o Arsenal e a memória do confronto de 1991. As duas equipas defrontaram-se na segunda ronda da Taça dos Campeões Europeus e essa eliminatória também começou com um empate (1-1) na Luz. Duas semanas depois, em Highbury, Isaías foi o herói do triunfo por 1-3 no prolongamento – o brasileiro já tinham marcado na Luz e marcou mais dois em Londres.
Na conferência de imprensa de lançamento do jogo em Atenas, nem houve tempo para falar dessa jornada de boa memória, ou de se perceber se Jesus ia repetir a aposta numa defesa com três centrais. Quase todo o tempo foi usado para deflectir responsabilidades sobre o momento de crise, uma sucessão de vários monólogos em que Jorge Jesus repetiu a mesma ideia, a de não ter qualquer culpa na crise de resultados e ilibando, igualmente, jogadores, Luís Filipe Vieira e a restante estrutura do clube.
“Vou sempre assumir a minha responsabilidade, esta crise não tem nada a ver comigo, não tem nada a ver com os jogadores. Diziam que não corriam e não suavam, mas como é que eles podiam? Eles estavam doentes com uma doença que não conseguimos controlar. Depois do jogo do FC Porto, tivemos mais dez infectados, uma equipa técnica vários dias sem dar o treino. A mensagem não passa, nem podíamos estar juntos para falar. Neste momento, os jogadores do Benfica precisam de carinho e não de dúvida, o Benfica devia estar junto”, assinalou o treinador benfiquista.