Aubameyang não foi carinhoso com o Benfica
“Encarnados” fora da Liga Europa após derrota em Atenas por 3-2 com o Arsenal. Diogo Gonçalves e Rafa ainda deram esperanças à equipa de Jorge Jesus, mas Aubameyang foi letal.
Podia ter sido um ponto de partida, uma rampa de lançamento, um trampolim, um “reset” emocional, uma mudança de narrativa para a época. Mas não foi e a narrativa vai continuar a ser a mesma, a de uma época que vai de desastre em desastre. O Benfica teve essa oportunidade na mão e deixou-a fugir, eliminado pelo Arsenal na Liga Europa após uma derrota por 3-2 em Atenas no jogo da segunda mão dos 16 avos-de-final. Menos uma prova por que lutar na temporada, a juntar às outras em que os “encarnados” também falharam. Mais um fracasso a juntar a outros nesta temporada de grande investimento e grandes expectativas.
Foi um jogo em que o Benfica esperou pela sorte e quase foi feliz. Com o regresso a uma defesa a cinco e um meio-campo reforçado, Jorge Jesus queria garantir solidez perante um Arsenal que até estava em vantagem na eliminatória, depois do empate (1-1) na primeira mão em “casa” (Olímpico de Roma a servir de Luz) dos “encarnados”. Era um esquema tirando desse primeiro confronto com os londrinos e o mesmo objectivo: não sofrer golos e esperar o que o jogo podia dar. E durante os primeiros 20 minutos, com o Benfica entrincheirado no seu meio-campo e o Arsenal a circular à espera de uma brecha, tal como havia acontecido no jogo da primeira mão.
Depois, aos 21’, os “gunners” conseguiram um momento de desequilíbrio e chegaram ao golo. O jovem Bukayo Saka viu a desmarcação de Aubameyang e o gabonês mostrou toda a sua classe na concretização perante Hélton Leite – Veríssimo colocou o gabonês em jogo ao não acompanhar a restante linha defensiva. Primeiro remate à baliza do jogo, primeiro golo. Eficácia total dos londrinos. E só de bola parada é que o Benfica conseguiu criar algum perigo à baliza de Leno. Num livre a dois toques do lado direito, Pizzi meteu a bola na área e Verthongen, com David Luiz nas costas, cabeceou por cima.
Pouco depois, veio o grande momento do jogo que permitiu aos “encarnados” reentrar na luta pela eliminatória. Aos 41’, num livre directo frontal, em vez do habitual Grimaldo, avançou Diogo Gonçalves e o jovem lateral-direito foi perfeito na execução, com a bola a cumprir uma trajectória perfeita até ao fundo da baliza do Arsenal. Também o Benfica era de uma eficácia total. Primeiro remate à baliza, primeiro golo e primeiro objectivo cumprido, o de nivelar a eliminatória.
Na segunda parte, continuou tudo na mesma. O Arsenal a circular, o Benfica a controlar e tudo encaixado. A estratégia de Jesus estava a resultar e, aos 61’, teve uma dose extra de validação. Uma bola longa de Hélton Leite a partir da sua baliza foi mal interceptada por Ceballos e Rafa, sem nunca perder a bola de vista, ficou entre o espanhol e o guarda-redes e teve o sangue-frio para fazer o 1-2, algo que tantas vezes tem faltado ao extremo benfiquista e que, desta vez, teve de sobra.
Após o golo, as imagens televisivas focaram Jesus e Rui Costa em abraço de celebração. Podia estar a acontecer mais uma noite europeia épica para o Benfica frente ao Arsenal, tal como acontecera 20 anos antes naquela noite em Highbury, onde estava Rui Costa, e que teve Isaías e Kulkov como heróis.
Na frente da eliminatória, o Benfica voltou a remeter-se ao seu meio-campo e foi suportando como podia a investida dos homens de Mikel Arteta, que agora precisavam de marcar dois para seguir em frente. Os “gunners” conseguiram o empate quase a seguir ao golo de Rafa, com um bom remate de Tierney aos 67’, depois de tirar Cebolinha do caminho.
A vantagem ainda foi do Benfica durante mais 20 minutos, mas os “encarnados”, durante este período, continuaram a ficar à espera da sorte do jogo e o que tiveram foi o azar. Aos 87’, os “gunners” marcaram com os mesmos protagonistas do seu primeiro golo no jogo. Saka fez o cruzamento e Aubameyang, nas costas de Veríssimo, cabeceou para o 3-2, para o seu segundo golo do jogo.
Jesus ainda meteu Waldschmidt em campo, juntando o alemão a Darwin, que tinha entrado durante a segunda parte para o lugar do “desaparecido” Seferovic. Mas foi pouco e demasiado tarde para mudar a história de uma eliminatória em que ficou a sensação de que este Arsenal está longe de ser uma equipa de topo em Inglaterra, mas que foi salvo por dois jogadores de classe mundial (Saka e Aubameyang). E de um Benfica que, seja por que razão for (Jesus terá uma opinião, os adeptos terão outra), não consegue ser competente e merecedor de carinho.