Quarto título de Osaka pode ser só o início
Campeão Novak Djokovic enfrenta invencível Daniil Medvedev na final masculina do Open da Austrália.
Naomi Osaka já tem mais um troféu do Grand Slam para expor na sua casa de Los Angeles. A Daphne Akhurst Memorial Cup vai ficar ao lado daquela que ganhou dois anos antes em Melbourne e que lhe serviu de inspiração durante a pré-época, quando se preparava para este Open da Austrália. Osaka confirmou, na final com Jennifer Brady, que é a actual melhor tenista do mundo, dominando os nervos iniciais e a pressão que colocou em si própria para conquistar o quarto título no Grand Slam, aos 23 anos.
“Queria ganhar a final. Para mim, cada oportunidade de disputar um ‘Slam’ é uma oportunidade de ganhar um ‘Slam’ e talvez tenha posto uma pressão extra, mas até agora está a dar resultado”, justificou a primeira mulher a vencer as primeiras quatro finais de Grand Slams desde Monica Seles em 1991; nos homens, apenas Roger Federer o conseguiu.
“Estou em fantástica companhia. Gostava de ter um grão daquilo que a carreira deles foi, mas apenas posso desejar e continuar no meu caminho”, disse a japonesa numa conferência de imprensa, em que confessou sentir-se um pouco alegre, por ter bebido dois copos de champagne.
E houve várias razões para celebrar. Desde 2012 que ninguém (homem ou mulher) ganhava um quarto título do Grand Slam e das 53 jogadoras que conquistaram pelo menos quatro majors, apenas mais três estão no activo: Serena Williams, de 39 anos, venceu 23 majors; Venus Williams, 40, ganhou sete; e Kim Clijsters, 37, detém quatro.
No derradeiro encontro do Open, com Brady, a japonesa venceu, por 6-4, 6-3, contrastando com os três sets e mais de duas horas do duelo das meias-finais do Open dos EUA, em Setembro. “Hoje foi mais uma batalha mental, estávamos ambas nervosas, pelo menos, eu estava extremamente nervosa. Antes de entrar no court, disse a mim própria que provavelmente não ia jogar bem e que não devia colocar essa pressão sobre mim, de jogar de forma perfeita, apenas lutar em cada ponto e o desfecho seria o que for”, contou Osaka.
O primeiro set foi mais discutido do fundo do court, pois os primeiros serviços escassearam. Duas duplas-faltas permitiram o primeiro break do encontro a Osaka, mas a norte-americana mostrou a sua fibra e devolveu-o para 2-3. A 4-5, Brady comandou por 40-15, mas alguma ansiedade levou-a a cometer erros, incluindo uma dupla-falta. E no primeiro set-point, colocou uma direita, a meio do court, na rede.
O final de set decepcionante custou a Brady os quatro jogos iniciais da segunda partida. Mais uma vez, a norte-americana não se resignou, devolveu um dos breaks e ganhou um jogo de serviço em branco, reduzindo para 2-4, mas não mais teve a oportunidade de voltar à discussão do resultado. Osaka esteve inabalável nos pontos importantes e concluiu ao fim de uma hora e 17 minutos.
“Não acho que haja alguma coisa intangível nela. É humana como todos nós, apenas consegue jogar o seu melhor nos momentos importantes. Sabe o que fazer no court, tem confiança nela, no seu ténis, na sua equipa”, disse Brady, a primeira finalista do Grand Slam vinda do circuito universitário dos EUA desde 1983, que chegou a Melbourne no 24.º lugar do ranking e vai sair no 13.º posto.
Osaka continua sem perder há mais de um ano e após a 21.ª vitória consecutiva sobe ao segundo lugar do ranking, liderado por Ashleigh Barty. “Não penso que seja possível não perder um encontro este ano. Todos os tenistas têm altos e baixos, mas espero reduzi-los drasticamente. Lembro-me vivamente de como é perder; lembro-me de perder aqui e de como me senti. É uma memória persistente”, disse a campeã.
Os próximos desafios da japonesa são triunfar nos outros Grand Slams, onde nunca passou da terceira ronda: na terra batida de Roland Garros e na relva de Wimbledon. “Espero que seja na terra batida porque é a que se realiza mais cedo. Tenho que me sentir confortável nessas superfícies.”
Osaka confessou que resiste à necessidade de gritar para se acalmar antes de cada encontro e tem uma rotina bem definida. “Falo com a minha equipa uma hora antes sobre o que queremos alcançar, quais são os meus objectivos e com que sensação quero sair do court”, contou antes de fazer uma revelação: “O meu maior objectivo – e isto pode soar mesmo estranho – é jogar durante tempo suficiente para vir a defrontar uma jogadora que dissesse que eu era o seu ídolo. Seria o mais fixe que me podia acontecer. Infelizmente, não pude defrontar Li Na.”
Este domingo de manhã (8h30), decide-se o título masculino, entre Novak Djokovic, que detém 17 títulos do Grand Slam, e Daniil Medvedev, que chega à sua segunda final do Grand Slam, depois de perder com Rafael Nadal no último encontro do Open dos EUA de 2019 e de vencer os últimos 20 encontros que disputou, 12 dos quais frente a adversários do top-10. Uma das vítimas do russo foi Djokovic, nas ATP Finals, em Novembro, mas no Open da Austrália joga-se à melhor de cinco sets e é onde o sérvio já conquistou oito títulos.