De cadeia de hotéis a “hotéis-cadeia”: a quarentena de quem volta ao Reino Unido

Desde segunda-feira que os passageiros que regressem ao Reino Unido vindos de países da “lista vermelha” são obrigados a cumprir uma quarentena de dez dias num hotel. A Reuters fotografou alguns deles.

Toby Melville/Reuters
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Nas imagens, uma mulher e duas crianças saem de um autocarro e dirigem-se ao Radisson Blu Edwardian Hotel, em Londres; um homem espreita à janela e uma mulher mostra um gesto de descontentamento com o dedo apontado para baixo. Mais à frente, outro homem exibe dois cartazes desde a janela do quarto, onde se lê “Perdi o meu emprego!” e “Boris, quem vai pagar esta conta? Eu não tenho dinheiro”.

Desde segunda-feira que as novas medidas instauradas pelo Governo britânico para conter a entrada de novas variantes do novo coronavírus ditam que os cidadãos do Reino Unido e Irlanda do Norte que regressem de um dos 33 países da "lista vermelha" (onde se inclui Portugal) são imediatamente escoltados para um hotel. Os cidadãos são obrigados a cumprir uma quarentena de dez dias, mesmo que o primeiro teste à covid-19 seja negativo. E têm de fazer dois testes — o primeiro é feito no segundo dia de quarentena e o segundo sete dias depois. Cada teste tem um custo de 243 euros e é pago pelo próprio. Quem não o fizer, incorre numa multa entre os 6 e os 11 mil euros ou até dez anos de prisão.

As viagens para o estrangeiro só estão autorizadas para deslocações estritamente necessárias. Quem tiver de o fazer, tem de fazer uma pré-reserva online, pelo preço de 2 mil euros, num dos 16 hotéis designados para o novo sistema de quarentena. Estão incluídos o quarto, três refeições por dia e transporte do aeroporto até ao hotel.

As medidas já tinham sido anunciadas, mas mesmo assim apanharam de surpresa muitos passageiros que não conseguiram regressar mais cedo, como é o caso de Mohamed Noor, cujo voo atrasou um dia. “Não tenho um livro. Não tenho um Alcorão. Não tenho nada aqui”, disse à Reuters. Já Zari Tadayon, que regressou do Dubai via Frankfurt, esperava ter permissão para ficar em quarentena na sua casa em Londres. "Eu moro aqui, tenho minha própria casa e também tenho alguns problemas médicos e esperava que eles os considerassem. Não sei como vou enfrentar. Vai ser difícil”, disse à AP.

Vários aeroportos introduziram medidas adicionais para separar os passageiros dos destinos da “lista vermelha” para limitar a possibilidade de mistura. No entanto, os tripulantes garantem que essa separação não existe. “A pessoa sai do voo ao mesmo tempo que alguém de uma área de 'lista vermelha'. Todos são canalizados pela mesma área. Não faz sentido para mim”, disse Jorge Elch, ao The National. Na Escócia, para além dos 33 países, as medidas aplicam-se também aos territórios fora da área comum (Reino Unido, Irlanda, Ilha de Man e Ilhas do Canal).

Texto editado por Amanda Ribeiro

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