Mulher atingida por bala de borracha perde o olho durante manifestação em Barcelona

Disparo terá sido feito pela polícia catalã. Esta quarta-feira foi marcada por manifestações em várias cidades da Catalunha.

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Esta quarta-feira ficou marcada por fortes protestos em várias cidades catalãs EPA/Enric Fontcuberta
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Demonstração
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Uma mulher perdeu um olho na sequência de ferimentos provocados por uma bala de borracha, durante distúrbios em Barcelona esta quarta-feira, numa manifestação que pedia a libertação do rapper Pablo Hasél: o artista foi detido na terça-feira na sequência de uma condenação por injúrias à monarquia, acção que motivou acusações de violação da liberdade de expressão.

A mulher terá sido atingida por um projéctil disparado pelos Mossos d’Esquadra (polícia catalã), de acordo com o relato da Irídia, associação de direitos humanos. A confirmação de que os ferimentos foram graves e resultaram na perda do olho chegou do Departamento de Saúde da Generalitat.

A jovem está internada no Hospital Clínico de Barcelona e será operada na manhã desta quinta-feira. De acordo com fontes hospitalares ouvidas pelo El País, a mulher encontra-se em situação estável, não correndo perigo de vida em resultado dos ferimentos sofridos.

O objectivo agora é perceber o que — e quem — causou os ferimentos que vão mudar irremediavelmente a vida da jovem. Nesse sentido, a associação de direitos humanos que denunciou o caso pede que os manifestantes cedam vídeos e fotografias das cargas policiais.

A associação Irídia quer mapear com exactidão em que contexto foi efectuado o disparo desta munição que acabaria por atingir a mulher no rosto. O incidente serviu ainda para a associação protestar contra os métodos usados pelos Mossos d’Esquadra para conter protestos. “Tal como temos avisado há anos, as balas de borracha são muito perigosas e podem provocar lesões graves, inclusive a morte”, afirmou a entidade, citada pelo La Vanguardia.

Rapper detido na terça-feira

Esta quarta-feira ficou marcada por fortes protestos em várias cidades catalãs. O El País escreve que em Vic, localidade a cerca de 70 quilómetros de Barcelona, a esquadra da polícia foi “destruída” pelos manifestantes, que obrigaram os agentes a pedir auxílio após destruírem câmaras de segurança e danificarem linhas telefónicas. Em muitos destes locais, as manifestações acabaram com violência.

Como rastilho dos mais recentes protestos está a detenção do rapper Pablo Hasél, que se tinha refugiado na Universidade de Lérida para evitar uma pena de nove meses de prisão por glorificação do terrorismo e injúrias à monarquia. O músico foi condenado pelo conteúdo de algumas letras, críticas da família real espanhola. A condenação abriu uma discussão sobre uma eventual censura da liberdade de expressão do rapper.

O prazo para o rapper se entregar voluntariamente terminou na sexta-feira. Quatro dias depois, um forte dispositivo policial, formado por dezenas de polícias e duas dezenas de carrinhas da brigada móvel, esteve destacado desde as 6h30 nas proximidades da universidade para proceder à prisão de Hasél. Cerca de meia centena de apoiantes de Hasél refugiaram-se com o artista na instituição de ensino, erguendo barricadas e arremessando objectos contra os polícias que se aproximavam do edifício.

Os esforços foram infrutíferos, com a força policial a contornar facilmente os obstáculos e a identificar todos os que acompanhavam o rapper. Esta ordem de detenção já tinha sido contestada num manifesto assinado por mais de 200 personalidades, que acusaram o Estado espanhol de “encabeçar a lista de países que mais represálias lançaram contra artistas pelo conteúdo das suas canções”, comparando Espanha a países como a Turquia ou Marrocos.

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