Bastou um erro para a vitória saber a pouco
O FC Porto chegou a ter dois golos de vantagem sobre a Juventus, mas um remate de Chiesa, nos minutos finais, complica a tarefa portuguesa em Turim.
Um triunfo sobre a Juventus é sempre um resultado que nenhuma equipa mundial pode depreciar, mas bastou um erro defensivo para que a vitória do FC Porto contra os campeões italianos soubesse a pouco. Na primeira mão dos oitavos-de-final da Liga dos Campeões, os “dragões” marcaram a abrir a primeira (Taremi) e a segunda parte (Marega), mas uma falha de marcação de Zaidu permitiu que Federico Chiesa, no minuto 82, fizesse um golo que pode mudar a história da eliminatória. Com o triunfo, por 2-1, o FC Porto está em vantagem, mas terá uma tarefa mais difícil, dentro de três semanas, em Turim.
Qualquer que fosse a estratégia definida por Sérgio Conceição e Andrea Pirlo para o primeiro duelo entre FC Porto e Juventus na luta pelo acesso aos quartos-de-final, certamente que nenhum dos treinadores tinha no seu plano de jogo o que se passou no minuto inicial.
Com o pontapé de saída a pertencer aos italianos, nos primeiros 60 segundos a bola apenas por uma vez tocou no pé de um jogador do FC Porto (mau passe de Corona), mas ao segundo contacto do esférico com uma chuteira portista, os “dragões” já estavam a vencer.
Denotando displicência q.b., a Juventus perdeu o primeiro minuto da eliminatória com trocas de bola inócuas quase sempre no seu meio campo, até que um mau atraso de Bentancur para Szczesny foi aproveitado pelo sempre astuto Taremi para inaugurar o marcador. O cronómetro marcava 61 segundos. Na estreia a titular na Liga dos Campeões, o avançado iraniano marcava o golo mais rápido da história do FC Porto na fase a eliminar da Champions.
Para uma equipa sem tempo para respirar perante um calendário sobrecarregado entre partidas da I Liga, Taça de Portugal e Liga dos Campeões — vão ser dez jogos “a doer” em 33 dias —, o brinde dos italianos era “ouro sobre azul” para Sérgio Conceição.
Depois de poupar alguns titulares no fim-de-semana, no derby contra o Boavista, o treinador socorreu-se de todos os trunfos que tinha ao dispor e avançou com o seu “onze-tipo”, sem mudar o sistema táctico predilecto nos duelos internos: o 4x4x2, com Otávio e Corona nos flancos; Marega e Taremi na frente. Porém, a oferta italiana a abrir fez com que os portistas não necessitassem de correr riscos.
Longe de convencer na Série A — a Juventus é quarta classificada —, Pirlo tinha duas baixas importantes no Estádio do Dragão (Arthur e Cuadrado), mas o técnico optou também por deixar no banco Morata, o melhor marcador da equipa na prova, com seis golos, colocando o jovem sueco Kulusevski nas proximidades de Cristiano Ronaldo.
Todavia, a perder desde o minuto dois, a Juventus viu-se na obrigação de assumir o jogo. E deu-se muito mal nesse papel. Sem ideias e, aparentemente, sem grande motivação, os jogadores “bianconeri” tinham quase sempre a bola no seu poder, mas os primeiros 45 minutos foram dos mais tranquilos nesta época para Marchesín — a equipa de Turim chegou ao intervalo sem criar uma verdadeira oportunidade de perigo para o guarda-redes argentino.
Com o FC Porto cómodo com uma vantagem sem golos sofridos, esperava-se que o regresso dos balneários mostrasse uma “vecchia signora” diferente, mas bastaram 20 segundos para deixar claro que a conversa de Pirlo com os seus jogadores, ao intervalo, não tinha mudado nada: Manafá entrou sem dificuldades pelo lado esquerdo dos italianos e ofereceu a Marega o 2-0.
Mais uma vez, o fato da Champions parecia vestir bem ao FC Porto — os “dragões” tinham três golos sofridos nos seis jogos da fase de grupos —, e a Juventus demorou a sair da mediocridade. Com posse de bola a mais e oportunidades a menos, Pirlo lançou Morata, aos 62’ — Conceição respondeu com a entrada de Grujic —, mas só aos 71’ (remate de Chiesa), Marchesín foi forçado a mostrar qualidade.
Sem sufocar, a Juventus começava a surgir com mais perigo e bastou um erro defensivo portista para Pirlo respirar de alívio. Aos 82’, Rabiot cruzou da esquerda e Zaidu, apenas com os olhos na bola, esqueceu-se de marcar Chiesa que, com um remate de primeira, não deu hipóteses de defesa a Marchesín.
Na última jogada da partida, o lateral nigeriano voltou a estar em evidência (Cristiano Ronaldo reclamou penálti num lance com Zaidu), mas o árbitro espanhol Del Cerro Grande nada assinalou.
Apesar de curta, a primeira vitória do FC Porto ante a Juventus deixa os “dragões” na frente para o segundo duelo, em Turim, e tudo em aberto na decisão da eliminatória.