A força do primeiro amor
Por muito que me tentem provar que isto é tudo uma questão de aumento de substâncias endógenas, continuo a afirmar com todas as certezas do mundo que a ciência não pode explicar o amor e não se devia sequer atrever a tentar fazê-lo. Era só o que faltava.
Estava a entrar na aldeia, vinda do trabalho, quando os vi perto do parque infantil. Ele, alto e franzino, com um cabelo falsamente despenteado que lhe deve ter levado horas a conseguir, e ela, mais pequena, com uma malinha castanha a tiracolo e um vestido curto às flores. Confesso que o meu primeiro instinto foi mandá-los para casa porque, caramba, estamos em confinamento e é importante que os miúdos percebam a gravidade da situação. Mas depois reparei que iam de mãos dadas e, abrandando, vi naqueles rostos enfeitados por acne a magia que só acontece uma vez na vida. E quando percebi que ali se vivia um primeiro amor, sorri embevecida e segui o meu caminho. Porque interromper um primeiro amor devia obrigar a pagamento de multa.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.