Covid-19. Sociedade Portuguesa de Pneumologia defende obrigatoriedade do uso de máscaras cirúrgicas

Devido ao difícil controlo de qualidade das máscaras comunitárias, muitas delas caseiras e reutilizáveis, a Sociedade Portuguesa de Pneumologia aconselha o uso das máscaras cirúrgicas em espaços públicos, sejam eles abertos ou fechados, e defende a sua obrigatoriedade. Em casos de maior exposição, indica o uso das FFP2.

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As máscaras cirúrgicas têm uma capacidade de bloqueio igual ou superior a 95%. paulo pimenta

Sendo impossível assegurar a qualidade de todas as máscaras comunitárias, “deverá ser considerada a obrigatoriedade de uso de máscaras cirúrgicas”, ou, em alternativa, “o uso de máscaras comunitárias certificadas pelo CITEVE, que, cumprindo os critérios de filtração de partículas, respirabilidade e boa adesão à face e nariz, conferem uma protecção comparável”, defende a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP) em comunicado.

“As máscaras cirúrgicas protegem da disseminação e/ou inalação de gotículas e têm uma capacidade de bloqueio igual ou superior a 95%”, explicam. Como tal, apresentam uma eficácia de filtração superior e são mais indicadas para usar em espaços públicos, onde há maior afluência de pessoas. A SPP reforça que estas máscaras devem ser substituídas após quatro horas de utilização, por poderem perder eficácia, e não devem ser lavadas ou reutilizadas. Em contrapartida, as máscaras comunitárias, lavadas e reutilizadas múltiplas vezes“por não serem sujeitas a qualquer tipo de certificação ou de controlo de qualidade”, podem não ter a eficácia desejada.

Já nos contextos de maior risco de transmissibilidade, como proximidade com pessoas infectadas ou permanência em espaços de muita aerossolização (com maior disseminação de gotículas respiratórias), a SPP aconselha o uso das máscaras FFP2. Estas máscaras contêm um respirador com uma “capacidade de filtração de partículas igual ou superior a 95%” e, embora não difiram muito das cirúrgicas, “verifica-se uma potencial protecção adicional associada às máscaras que têm respirador”.

A Sociedade alerta ainda de que uma das medidas mais eficazes na prevenção da covid-19 é a “correcta utilização das máscaras”, tapando a boca, o nariz e o queixo, bem como o cumprimento da sua utilização em espaços públicos abertos ou fechados. E relembra: “o uso de máscara não substituiu as restantes medidas e o distanciamento físico, desinfecção e adequada ventilação dos espaços fechados são igualmente fundamentais”.

O esclarecimento vem na sequência da disseminação da estirpe britânica, mais transmissível, que levou já vários países europeus, como a França, a Alemanha, e a Áustria, a proibirem o uso de máscaras comunitárias por duvidarem da sua fiabilidade e certificação e a implementarem o uso obrigatório de máscaras FFP2.

Na segunda-feira, a ministra da Saúde, Marta Temido, afirmou que “não há ainda recomendações adicionais concretamente sobre a questão das máscaras ao nível do Centro Europeu de Controlo de Doenças e temos sempre alinhado as nossas posições com as recomendações internacionais”, na sequência do ministério ter questionado a Direcção-Geral da Saúde sobre a necessidade de revisão das medidas de prevenção, face à proliferação de novas variantes em Portugal. 

O Centro Europeu para Prevenção e Controlo das Doenças está a preparar orientações sobre a utilização de máscaras faciais comunitárias contra a covid-19, depois de alguns países europeus terem obrigado ao uso de máscaras cirúrgicas ou FFP2. "Está prevista uma actualização das orientações do ECDC sobre máscaras faciais comunitárias, em data a ser confirmada”, indicou a agência europeia, em resposta à agência Lusa.

Texto editado por Inês Chaíça

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