Putin nega ser proprietário da mansão conhecida como o “palácio de Putin”

Presidente da Rússia condena protestos de sábado pela libertação do opositor Alexei Navalny. Críticos de Putin respondem com um apelo a uma nova manifestação nacional no domingo.

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Vladimir Putin disse que os protestos de sábado foram ilegais Reuters/SPUTNIK

O Presidente da Rússia, Vladimir Putin, negou ser o proprietário de um palácio situado numa gigantesca propriedade nas margens do Mar Negro, numa rara referência em público a uma das acusações de corrupção de que tem sido alvo por parte do seu principal opositor no país, Alexei Navalny.

O edifício em causa, conhecido informalmente como “o palácio de Putin”, ocupa uma área semelhante à dimensão de quatro campos de futebol e está integrado num complexo 39 vezes maior do que o principado do Mónaco, segundo um vídeo publicado no YouTube por Navalny, na semana passada.

Situado nas proximidades da estância balnear de Gelendzhik, no Mar Negro, a 250 quilómetros da península da Crimeia, o palácio está no centro das acusações de corrupção e de enriquecimento ilícito lançadas, ao longo dos anos, contra Putin e os seus colaboradores mais próximos

Em finais de 2010, um empresário e antigo colaborador próximo de Putin, Sergei Kolesnikov, publicou uma carta aberta, endereçada ao então Presidente russo, Dmitri Medvedev, onde denunciava o seu próprio envolvimento na construção do palácio. Segundo Kolesnikov – que vive no exílio desde 2010 –, a propriedade foi comprada e construída através de um esquema de corrupção com desvio de fundos públicos.

Logo na altura, a acusação foi desmentida por Dmitri Peskov, o porta-voz de Vladimir Putin, então primeiro-ministro da Rússia.

Esta segunda-feira, uma década depois das primeiras denúncias de Kolesnikov, Putin veio negar ser o proprietário do palácio em causa, dias depois de a acusação ter sido recuperada pelo seu principal opositor, Alexei Navalny, num vídeo publicado no YouTube que já foi visto por 90 milhões de utilizadores.

“Não vi o filme todo, apenas porque não tenho tempo livre para ver esse tipo de informação, mas dei uma vista de olhos”, disse Putin. “Nada do que aparece lá é meu ou dos meus familiares, e nunca foi.”

Novo protesto no domingo

Na mesma conversa com estudantes, esta segunda-feira, o Presidente russo criticou os protestos do fim-de-semana a favor da libertação de Navalny. O advogado e opositor de Putin foi detido no início do mês, na Rússia, quando regressava de uma estadia na Alemanha, onde foi comprovada a sua denúncia de que foi envenenado com Novichok.

Navalny acusa Putin de ser o principal responsável pelo envenenamento e o Kremlin desmente o seu envolvimento.

“Toda a gente tem o direito a expressar os seus pontos de vista, dentro do quadro previsto na lei”, disse Putin. “Tudo o que estiver para lá da lei não só pode ser contraproducente, como é perigoso.”

No sábado, 40.000 pessoas manifestaram-se em várias cidades da Rússia, incluindo em zonas onde os termómetros desceram aos 50 graus negativos, para exigirem o fim imediato da pena de 30 dias aplicada a Navalny, acusado de ter violado os termos da sua liberdade condicional. Entre 3500 e 4000 pessoas foram detidas de forma violenta pela polícia.

Ao mesmo tempo que Vladimir Putin condenava os protestos de sábado passado, os aliados de Alexei Navalny marcavam uma nova manifestação para o próximo domingo. 

Leonid Volkov, responsável pela campanha de Navalny na eleição presidencial de 2018 (em que Navalny foi proibido de concorrer), voltou a exigir a libertação imediata do opositor e dos milhares de pessoas que foram detidas no sábado.

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