Detido após invasão do Capitólio, o “xamã do QAnon” exige dieta orgânica
Jacob Chansley exigiu uma dieta à base de alimentos orgânicos e o tribunal deliberou a favor do seu direito.
Foi um dos invasores do Capitólio que mais chamou a atenção: de tronco nu, um homem exibia tatuagens e pinturas, que completava com um chapéu de pêlo com chifres, tendo conquistado o título de “xamã do QAnon”, uma espécie de figura espiritual associada ao movimento de extrema-direita que defende que Trump lidera uma guerra secreta contra a devassidão nas altas esferas do governo e do mundo empresarial, nomeadamente da imprensa. E ciente de que não levaria muito tempo ao FBI a encontrá-lo, o homem, entretanto identificado como Jacob Chansley, entregou-se às autoridades no sábado, três dias após o incidente. Só que, durante dois dias, recusou alimentar-se — não por estar em greve de fome, mas por exigir que lhe seja apresentado um cardápio à base de comida orgânica.
A exigência tomou conta das redes sociais do país, com muita gente até a parodiar o facto, mas a realidade assumiu outros contornos quando a juíza Deborah Fine deliberou que o detido terá direito à sua alimentação preferencial. “Cumpriremos a ordem judicial”, disse David Gonzales, marshal do Arizona, citado pelo ABC15, acrescentando que Chansley receberá alimentos em conformidade com a dieta orgânica rigorosa de um xamã. Afinal, explicou a mãe do detido, “ele fica muito doente se não comer comida orgânica”.
Jacob Chansley, de 33 anos e natural de Phoenix, Arizona, é acusado de entrar ou permanecer conscientemente num edifício ou terreno de forma ilegal e por entrada violenta e conduta desordeira no Capitólio. Ambas as acusações são contra-ordenações federais. No entanto, o homem que tem vindo a assumir algum protagonismo pela sua figura, em vários protestos pró-Trump, não está receoso sobre o seu futuro: “Não estou muito preocupado com isso porque, com toda a honestidade... não infringi nenhuma lei. Entrei de portas abertas”, disse Chansley ao Newsy.
Uma multidão de apoiantes de Donald Trump invadiu o Capitólio, na última quarta-feira, 6 de Janeiro, levando à interrupção de certificação dos resultados das eleições presidenciais que decorria no Congresso. O incidente aconteceu depois de o Presidente cessante, Donald Trump, ter marcado presença numa marcha intitulada “Salvar a América”, na qual voltou a insistir nas teses de fraude eleitoral, garantindo “nunca [vai] desistir ou reconhecer” a derrota, incentivando os seus apoiantes a contestar o resultado eleitoral. “Não se cede quando há roubo envolvido”, disse Trump a uma multidão de apoiantes.
A invasão do Capitólio resultou na morte de cinco pessoas, entre as quais um agente da segurança do edifício.
Twitter bane QAnon
A rede social Twitter começou por sinalizar as publicações de Donald Trump como contendo informações falsas. Mas as medidas escalaram na semana passada, com a invasão do Capitólio: começou por impedir que os tweets do ainda Presidente fossem comentados, continuou por suspender a conta durante 12 horas e, por fim, anunciou a decisão de banir o utilizador @realDonaldTrump por tempo indefinido.
Porém, a batalha contra mensagens que promovem a violência na rede social não se ficou pelo Presidente dos EUA: esta segunda-feira, o Twitter divulgou ter “suspendido permanentemente” 70 mil contas associadas ao movimento pró-Trump QAnon desde sexta-feira. Propósito: impedir que os utilizadores recorram a esta rede social para combinar momentos de violência, como os motins em Washington na semana passada.