Detido após invasão do Capitólio, o “xamã do QAnon” exige dieta orgânica
Jacob Chansley exigiu uma dieta à base de alimentos orgânicos e o tribunal deliberou a favor do seu direito.
Foi um dos invasores do Capitólio que mais chamou a atenção: de tronco nu, um homem exibia tatuagens e pinturas, que completava com um chapéu de pêlo com chifres, tendo conquistado o título de “xamã do QAnon”, uma espécie de figura espiritual associada ao movimento de extrema-direita que defende que Trump lidera uma guerra secreta contra a devassidão nas altas esferas do governo e do mundo empresarial, nomeadamente da imprensa. E ciente de que não levaria muito tempo ao FBI a encontrá-lo, o homem, entretanto identificado como Jacob Chansley, entregou-se às autoridades no sábado, três dias após o incidente. Só que, durante dois dias, recusou alimentar-se — não por estar em greve de fome, mas por exigir que lhe seja apresentado um cardápio à base de comida orgânica.
A exigência tomou conta das redes sociais do país, com muita gente até a parodiar o facto, mas a realidade assumiu outros contornos quando a juíza Deborah Fine deliberou que o detido terá direito à sua alimentação preferencial. “Cumpriremos a ordem judicial”, disse David Gonzales, marshal do Arizona, citado pelo ABC15, acrescentando que Chansley receberá alimentos em conformidade com a dieta orgânica rigorosa de um xamã. Afinal, explicou a mãe do detido, “ele fica muito doente se não comer comida orgânica”.
Jacob Chansley, AKA Jake Angeli, Arizona man makes first court appearance in for charges related to storming the U.S. Capitol. His mom says he hasn’t eaten since Friday because the detention facility won’t feed him all organic food. @abc15 pic.twitter.com/doTLFal4At
— Melissa Blasius (@MelissaBlasius) January 11, 2021
Jacob Chansley, de 33 anos e natural de Phoenix, Arizona, é acusado de entrar ou permanecer conscientemente num edifício ou terreno de forma ilegal e por entrada violenta e conduta desordeira no Capitólio. Ambas as acusações são contra-ordenações federais. No entanto, o homem que tem vindo a assumir algum protagonismo pela sua figura, em vários protestos pró-Trump, não está receoso sobre o seu futuro: “Não estou muito preocupado com isso porque, com toda a honestidade... não infringi nenhuma lei. Entrei de portas abertas”, disse Chansley ao Newsy.
Uma multidão de apoiantes de Donald Trump invadiu o Capitólio, na última quarta-feira, 6 de Janeiro, levando à interrupção de certificação dos resultados das eleições presidenciais que decorria no Congresso. O incidente aconteceu depois de o Presidente cessante, Donald Trump, ter marcado presença numa marcha intitulada “Salvar a América”, na qual voltou a insistir nas teses de fraude eleitoral, garantindo “nunca [vai] desistir ou reconhecer” a derrota, incentivando os seus apoiantes a contestar o resultado eleitoral. “Não se cede quando há roubo envolvido”, disse Trump a uma multidão de apoiantes.
A invasão do Capitólio resultou na morte de cinco pessoas, entre as quais um agente da segurança do edifício.
Twitter bane QAnon
A rede social Twitter começou por sinalizar as publicações de Donald Trump como contendo informações falsas. Mas as medidas escalaram na semana passada, com a invasão do Capitólio: começou por impedir que os tweets do ainda Presidente fossem comentados, continuou por suspender a conta durante 12 horas e, por fim, anunciou a decisão de banir o utilizador @realDonaldTrump por tempo indefinido.
Porém, a batalha contra mensagens que promovem a violência na rede social não se ficou pelo Presidente dos EUA: esta segunda-feira, o Twitter divulgou ter “suspendido permanentemente” 70 mil contas associadas ao movimento pró-Trump QAnon desde sexta-feira. Propósito: impedir que os utilizadores recorram a esta rede social para combinar momentos de violência, como os motins em Washington na semana passada.