Com a carreira em queda livre, Johnny Depp insiste contra The Sun

O actor avançou para o Tribunal de Recurso inglês, ao mesmo tempo que acusa a ex-mulher de difamação nos EUA, num caso que deverá envolver nomes conhecidos. E, enquanto isso, a carreira do eterno Eduardo Mãos de Tesoura parece ter entrado numa espiral descendente – e sem fim à vista.

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Nos últimos dias, surgiram rumores de que Depp já não participará na série televisiva de Jerry Bruckheimer REUTERS/Vincent West

Johnny Depp não deverá guardar boas recordações de 2020. Depois de ter perdido o caso contra o jornal The Sun, que o descreveu como um “wife beater” (“espancador de esposas”), viu o seu nome afastado do elenco de Monstros Fantásticos 3 – ainda que o cachet não tenha sido comprometido, dadas as cláusulas do seu contrato – e, nos últimos dias, surgiram rumores de que já não participará na série televisiva sobre o famoso ilusionista Harry Houdini, produzida por Jerry Bruckheimer.

É a indústria de Hollywood a virar costas a um dos seus protagonistas maiores, ao mesmo tempo que Johnny Depp não se revela preparado para baixar os braços: o actor de Piratas das Caraíbas avançou para o Tribunal de Recurso inglês, numa tentativa de reverter a sentença do Supremo, que considerou que o tablóide britânico não o tinha difamado pelo facto de o uso do termo ser “substancialmente verdadeiro”, dado que Depp “agrediu a sra. Heard”.

Também a imprensa menos crítica começa a questionar Johnny Depp e as suas intenções. Um longo artigo de análise, publicado pelo site Hollywood Reporter, considera que o actor foi o maior responsável pela crise que atravessa, pelo “comportamento errático e violento”, mas sobretudo pela “sua sede insaciável de vingança”.

Além disso, o nome de Depp é provavelmente a mais notada ausência da lista compilada pelo reputado New York Times com os 25 nomes que mais se destacaram na indústria cinematográfica nos primeiros 20 anos deste século – uma curiosidade: a lista, encabeçada por Denzel Washington, inclui a “diva máxima” Sônia Braga. É que não só Depp deverá estar entre os actores mais rentáveis (os seus filmes fizeram milhares de milhões só em bilheteira) como esteve entre os nomeados ao Óscar de melhor actor por três vezes: em 2004, por Piratas das Caraíbas - A Maldição do Pérola Negra; 2005, por À Procura da Terra do Nunca; e 2008, por Sweeney Todd: O Terrível Barbeiro de Fleet Street.

E o nome de Johnny Depp não deverá ser associado a nada que não seja o sórdido caso com a ex-mulher Amber Heard nos tempos vindouros: além do recurso no tribunal britânico, o actor entrou com um processo de difamação de 50 milhões de dólares contra a sua ex-mulher na Virgínia, onde agora lhe foram pedidas todas as comunicações com as suas parceiras românticas ao longo dos anos. E os nomes que surgiram não foram os mais esperados: Angelina Jolie, Keira Knightley e Marion Cotillard – romances que nunca foram assumidos por nenhum dos intervenientes.

Depp Heard, a relação “tóxica"

Johnny Depp e Amber Heard conheceram-se em 2009, nas filmagens da longa-metragem O Diário a RumCasaram, numa cerimónia privada, em 2015. Mas, apenas um ano depois, a actriz entrava com o pedido de divórcio, tendo conseguido uma ordem de restrição temporária contra o actor, que acusou de abusos verbais e físicos. Depp negou sempre essas acusações e, através dos seus representantes, alegou que Amber Heard estaria em busca de uma compensação financeira.

Depois de alguns tumultos, Heard retirou as queixas de violência doméstica e o ex-casal emitiu uma declaração conjunta em que dizia que a “relação era intensamente apaixonada e por vezes volátil, mas sempre ligada pelo amor”. “Nenhuma das partes fez falsas acusações por ganhos financeiros. Nunca houve qualquer intenção de dano físico ou emocional”, declararam. Na altura, Depp pagou à ex-mulher sete milhões de dólares que a actriz doou à União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, na sigla original) e ao Hospital Infantil de Los Angeles.

Porém, em Dezembro de 2018, na sequência de um artigo de opinião que a actriz escreveu no Washington Post em que voltou a falar sobre a violência doméstica sofrida, o actor avançou com um processo por difamação. Deste lado do Atlântico, outro processo: contra o The Sun por ter publicado um artigo em que apelidava o actor de “espancador de esposas”. No entanto, as audiências, que decorreram este Verão, vieram trazer uma nova luz sobre os acontecimentos da relação dos dois, descrita como “tóxica e violenta”.

Ambos falaram sobre o casamento apaixonado e responderam sobre os alegados casos extraconjugais. No processo foi ainda explorado o estilo de vida hedonista de Johnny Depp e a sua luta contra a dependência do álcool e de drogas. Amber contou que Depp se transformava num “monstro” quando sob o efeito de drogas e álcool, tendo muitas vezes ameaçado matá-laa actriz reviu em detalhe 14 ocasiões de extrema violência, em que acusou o actor de a ter asfixiado, esmurrado, esbofeteado, estrangulado e pontapeado.

Depp refutou as acusações, afirmando que nunca tinha sido violento para com a sua ex-mulher, acusando-a de ser sociopata e de ter sido responsável por ele ter perdido a ponta de um dedo, quando lhe atirou com uma garrafa no meio de uma violenta discussão. Mas, na sequência desse episódio, a actriz relatou que viveu uma “situação de sequestro” ao longo de três dias. Depp pronunciou-se sobre o assunto em tribunal, dizendo: “Essas alegações doentias são completamente falsas.”

A resolução do Supremo de Tribunal de Londres, porém, veio dar uma nova força a Amber ​Heard no caso que tem a decorrer contra si: “Estamos empenhados em obter justiça para Amber Heard no Tribunal dos EUA e em defender o direito à liberdade de expressão da sr.ª Heard”, disse a advogada norte-americana da actriz, Elaine Charlson Bredehoft, no rescaldo da sentença a favor do The Sun.

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