Fotografia
O Douro que o “mestre Noel” deixou
O Douro que Noel Magalhães deixou começa em São João da Pesqueira, onde o fotógrafo amador nasceu, e alonga-se pelo Peso da Régua, onde morreu com 99 anos, a 30 de Novembro. Durante décadas de travessia, desde a fronteira espanhola até ao Porto, o “mestre Noel”, como era conhecido na região, acompanhou as vindimas, esperou que os rabelos se enchessem de pipas e seguiu o rio e quem trabalha os seus socalcos.
Muitos destes retratos de outros tempos, maioritariamente das décadas de 1950 e 1960, estão ao cuidado do Museu do Douro e da Câmara Municipal da Régua, que os partilha com o P3 aqui. O acervo fotográfico inclui provas em papel, diapositivos e negativos de uma “vida dedicada à fotografia e à região”, nas palavras da Liga dos Amigos do Douro Património Mundial.
Em conversas por telefone recentes, que mantinha com o Museu do Douro, confessou à coordenadora dos serviços de Museologia estar cansado de estar fechado em casa, devido às medidas de restrição da pandemia de covid-19. Chamava-lhe estar “na prisão”. Noel Magalhães começou a fotografar aos 14 anos, influenciado pelo pai e por um amigo de família. Comprou a primeira câmara fotográfica, uma Kodak, por “300 escudos, quando na altura o seu salário mensal era de 400”, lê-se no texto biográfico que acompanhou a exposição Memórias de um olhar, em 2014. “Um fotógrafo que eternizou o seu Douro”, lembra-o agora o museu.