Arquitectura

Uma reabilitação que preserva memórias de Miguel Bombarda, no Porto

Ivo Tavares
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Ivo Tavares

Este edifício reabilitado na Rua Miguel Bombarda, no Porto, remonta ao início do século XX e foi cumprindo várias funções ao longo do tempo. Mais recentemente, estava desocupado. A reabilitação, que decorreu entre 2017 e 2018, foi feita com o objectivo de reconstruir e ampliar o edifício para apartamentos de habitação. O interior do lote e o jardim foram recuperados e construíram-se mais três pisos. O betão é o material mais utilizado em todas as áreas comuns e interiores.

“O edifício foi totalmente alterado”, diz a arquitecta Paula Santos, responsável pela reabilitação do edifício, ao P3. A parede da fachada principal e os respectivos vãos mantiveram-se, assim como a varanda de granito. O varandim foi redesenhado e passou a ter “um desenho mais contemporâneo”. Os primeiros pisos foram revestidos em tijolo maciço, “que é mais resistente e desenhado com um material nobre” e os pisos superiores em reboco, “que é material tradicional nesta zona da cidade”. Foi ainda construído um anexo autónomo no jardim. “Uma das características mais interessantes destes lotes são os jardins, muito profundos. Estes interiores de quarteirão nesta zona do Porto representam uma parte verde importante da cidade”, explica a arquitecta.

Este trabalho é “um exercício de desenho e de arquitectura que tem de ser pensado num todo”, diz. “O edifício não é de grande qualidade e foi feita uma reinterpretação mantendo algumas memórias, como a varanda, mas também se fez uma composição original e nova para todo o alçado”, continua. O edifício “passa a ter uma relação com a rua e com a cidade diferente da que tinha anteriormente”. No entanto, a intervenção “é discreta”, porque há uma “grande homogeneidade, que pretende fazer-se notar, mas sem ter demasiada expressão”.

Há ainda um largo corredor com acesso à entrada do prédio, à escada e ao elevador e um percurso de acesso ao jardim e ao anexo no quarteirão. O edifício tem dez habitações, oito delas de tipologia T1. No primeiro e último piso são apartamentos duplex de tipologia T2. No piso térreo há um pequeno comércio.

Texto editado por Ana Maria Henriques

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